Como uma lembrança da coexistência de diferentes crenças na sociedade, a exposição “Sincretismos” traz de encontro santos e orixás.
A exposição permanece em cartaz, durante o mês de novembro, no Museu de Cultura Popular, que fica no Forum da Cultura da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). As visitações são gratuitas, de segunda a sexta, das 10h às 19h, e vão até 28 de novembro.
O sincretismo religioso se originou como forma de evitar perseguição. Os povos escravizados não tinham direito a cultuar as suas crenças de origem, como o Orixá Oxóssi, cuja imagem era substituída por São Sebastião. Uma das mudanças de representatividade mais populares é a de Ogum, representado como São Jorge.
Tais divindades foram associadas por compartilharem significados espirituais semelhantes, entretanto, vale reforçar, são entidades diferentes entre si, cada qual pertencente a um nicho religioso diverso.
A mostra busca trazer justamente uma atmosfera de encontro, e mais que isso, reforçar o museu como um espaço onde, definitivamente, a liberdade para admirar e contemplar as belezas do transcendental é premissa.
As 35 peças em exibição foram criadas, principalmente, em gesso e cerâmica policromada. As imagens foram produzidas em Juiz de Fora (MG), Caruaru (PE), Afonso Arinos (RJ), Maceió (AL), entre outras cidades.
Os visitantes terão a oportunidade de observar detalhes, peculiaridades, cores e opções estéticas escolhidas pelos artesãos para ornamentar cada uma das esculturas expostas.
‘Sincretismos’, título da exposição, bebe na fonte da antropologia, para demonstrar o fenômeno de interpenetração de civilizações, em que elementos culturais de diferentes origens se combinam e se transformam.
As 35 peças em exibição foram criadas, principalmente, em gesso e cerâmica policromada e são oriundas de diferentes localidade
Mitologia Iorubá
A Mitologia Iorubá é um conjunto de crenças que se baseia na vida em harmonia e em comunidade. Ela inspirou algumas religiões de origem africana, como o Candomblé, no Brasil, e a Santería, em Cuba. É originária da região da África Ocidental, sobretudo da Nigéria.
Composta por mais de 400 orixás, nessa mitologia não há separação entre homens e animais, os próprios animais agem como humanos. Ela também é fortemente marcada pelo culto à ancestralidade, onde é louvada a continuidade da vida através da figura feminina.
Novembro Negro
Novembro é reconhecido como Mês da Consciência Negra, um período de celebração da cultura e da existência das pessoas negras para a história da sociedade e, principalmente, um momento para relembrar a luta diária contra o racismo e discutir sobre a necessidade de medidas para combater a desigualdade racial.
Em 20 de novembro, celebra-se o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, que neste ano passou a ser reconhecido como feriado nacional. A data remete ao dia da morte de Zumbi dos Palmares, último líder do Quilombo dos Palmares, assassinado em 1695.
*Escrita por Michel Santos sob supervisão de Désia Souza