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E ainda assim se levantar, peça da Cia. Luna Lunera

17 e 18 maio 25, Diversão e Arte Espaço Cultural

Atores em cena no espetáculo “E ainda assim se levantar”, da Cia. Luna Lunera

A Companhia Luna Lunera apresenta pela primeira vez em Juiz de Fora um de seus mais importantes trabalhos, a peça “E Ainda Assim se Levantar”. Com direção de Isabela Paes e dramaturgia de Marcos Coletta com a Luna Lunera, o espetáculo parte de uma pergunta central: como encontramos força em momentos de esgotamento iminente?

O espetáculo fica em cartaz no sábado (17) às 20h e domingo (18), às 19h, no Diversão e Arte Espaço Cultural, na Rua Halfeld, 1.322, no Centro. Os ingressos custam R$ 20 (inteira).

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O grupo já esteve em Juiz de Fora com as montagens “Perdoa-me por me traíres”, “Aqueles Dois” e “Prazer”, com sucesso de público. A apresentação de “E Ainda Assim se Levantar” em Juiz de Fora faz parte da sétima edição da “Expedição Lunar”, projeto da Cia. Luna Lunera que, desde 2006, tem proposta de fomentar a circulação de espetáculos por cidades mineiras, associada à formação artística e de público.

Por isso, a Companhia Luna Lunera vai realizar em Juiz de Fora duas oficinas gratuitas: “Produção Cultural”, no sábado (17), das 14h às 18h, no Auditório do Mercado Cultural Aice (Av. Getúlio Vargas, 188 - Centro); e “Atuação Criadora”, no sábado (17) e domingo (18), das 9h às 13h, no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, na Av. Getúlio Vargas, 200, no Centro. As inscrições são feitas pelo Instagram da Cia. Luna Lunera.

Até agosto de 2025, o projeto vai passar por Belo Horizonte, Uberlândia, Uberaba, Divinópolis, Barbacena e Juiz de Fora, com quatro espetáculos de repertório: “Aqueles Dois”, “E ainda assim se levantar”, “Prazer” e “Urgente”; além da realização de oficinas e bate-papos.

“E Ainda Assim se Levantar”

Como encontrar forças para seguir em frente? Como manter a esperança e o desejo diante das ameaças ao futuro? Como ajudar e ouvir o outro quando estamos prestes a cair? Como continuar quando nossos corpos não aguentam mais? Como fazer teatro quando a palavra se tornou uma ameaça? Não temos respostas, mas sabemos que não vamos desistir.

Com atuação de Anderson Luri, Cláudio Dias e Letícia Castilho, “E Ainda Assim se Levantar” aposta numa reconfiguração da narrativa clássica (história/personagens/cenário) para dar lugar à eloquência dos corpos como principal instrumento de criação. “De onde podemos encontrar forças quando parece que não podemos aguentar mais? Essa é uma das reflexões que motivaram a criação do espetáculo. E é preciso defender o que nos salva, defender nossa alegria”, explica Isabela Paes.

A musicalidade do espetáculo – executada pelos próprios atores, que cantam e tocam instrumentos percussivos – é um dos principais recursos que apontam o caminho. Não é uma mera trilha sonora de ambientação: ela resgata memórias de lutas e instiga, brechtianamente, à reflexão e à ação. Cláudio Dias explica: “Buscamos, na valorização da alegria, por meio da música e do carnaval, uma forma potente de respiro, como maneira de apoiar nosso movimento de sobrevivência.”

De pautas subjetivas, sugeridas pelas personagens com suas inquietudes e angústias contemporâneas, às repercussões políticas onde também se inscrevem, o elenco traz à tona a memória de inúmeros atos e manifestações históricas que marcaram o país e, especialmente, a cidade de Belo Horizonte. O público é convidado a refletir sobre em quais desses momentos pôde estar presente. Trata-se de lembrar o que não pode ser esquecido, sob pena de repetirmos erros históricos, como alertam os filósofos Edmund Burke e George Santayana. O convite é para esperançar e restaurar o sentido etimológico da palavra utopia, enquanto “lugar que AINDA não existe”.

Sobre as personagens

O espetáculo promove um encontro entre três personagens: uma mulher, um homem jovem e um homem maduro.

A mulher não consegue identificar com clareza de onde vem o cansaço. Está exausta de ter que provar tudo o tempo todo, de ser forte para ser ouvida e de ter que mostrar que não quer ser objetificada. Encontra no outro, no jogo, no encontro entre o aqui e o agora, e em sua própria voz, as faíscas que a reacendem. E, às vezes, por breves momentos, conseguimos vê-la por inteiro. Sabe que é preciso defender a alegria.

O homem jovem sempre parece estar no caminho certo, rumo ao sucesso, à vitória, à realização – o topo. No entanto, na própria corrida incessante, sente que se perdeu no fundo de tanto otimismo e certezas do legado machista. Tenta quebrar a máscara de ferro moldada para esse homem. Tenta desfazer os inúmeros nós em sua garganta.

Já o homem maduro: sempre esteve à frente, mas está exausto da luta, dos golpes. Parece difícil continuar sendo artista, gay e ativista, mas ele não sabe ser outra coisa senão ele mesmo. A caminhada foi longa, e ele sente o peso da idade, o corpo envelhecendo, as inúmeras derrotas. Pensa em desistir. Nem consegue mais chorar. A morte ronda. Mas, para ele, talvez não haja outra saída: enquanto estiver vivo, vai insistir em viver.

Ficha Técnica

Direção: Isabela Paes.
Dramaturgia: Marcos Coletta e Cia. Luna Lunera.
Assistência de direção: Cláudio Dias.
Atores/criadores: Anderson Luri, Cláudio Dias e Letícia Castilho.
Figurino: Camila Moreno e Cia. Luna Lunera.
Cenário: Ed Andrade e Cia. Luna Lunera.
Criação de luz: Marina Arthuzzi e Jésus Lataliza.
Vídeos do espetáculo: Fabiano Lana.
Montagem vídeo e som: Arthur Barbosa.
Design: Rafael Maia.
Fotografias: Carlos Hauck e Kika Antunes.
Produção Executiva: Nathan Coutinho.
Direção de Produção: Mariana Rabelo.
Coordenação: Cláudio Dias e Marcelo Soul.
Produção: Cia. de Teatro Luna Lunera

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Natural de Juiz de Fora, jornalista com graduação e mestrado pela Faculdade de Comunicação da UFJF. Experiência anterior em Rádio, TV e Internet. Gosta de esporte, filmes e livros. Editora Web em Juiz de Fora desde 2023.