A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) anunciou os indiciamentos da motorista de 36 anos como a responsável pelo acidente na Serra do Bandeirantes, em Juiz de Fora. Em coletiva nesta quarta-feira (13), delegado Rodrigo Rolli anunciou que solicitará à Justiça que responda pelo homicídio com dolo eventual do menino de 2 anos; lesão corporal grave da irmã dele de 9 anos que segue internada e quatro lesões corporais simples das outras vítimas da colisão frontal no dia 13 de outubro.
Segundo o delegado, o indiciamento por dolo eventual deve-se às provas de que a mulher assumiu o risco de provocar um resultado grave pela forma como dirigiu do Bairro Aeroporto até o Bandeirantes, onde o acidente aconteceu.
O inquérito foi concluído na terça (12) e será remetido nesta quarta à Justiça. A mulher, que não teve o nome divulgado pelas autoridades policiais, responderá em liberdade.
Comportamento arriscado ao volante
Segundo a PCMG, a condutora percorreu aproximadamente 11,6 quilômetros em 24 minutos, sendo registrada por câmeras de segurança ao longo do trajeto. E em vários pontos, infringiu limites de velocidade em diferentes pontos do trajeto.
“Demonstrou-se a todo momento dentro do inquérito policial que, desde a Universidade Federal de Juiz de Fora, descendo a Estrada Gentil Forn, entrando para o (bairro) Democrata, depois Bandeirantes até o local do acidente, em todos os momentos ela estava com excesso de velocidade. Laudos periciais demonstram que, em determinados momentos, dentro da UFJF, onde o limite é de 40 km/h, ela se encontrava a 73, km/h a 74 km/h e até mesmo o dobro da velocidade”
Ainda nas mais de 200 páginas do inquérito está registrado o depoimento de uma testemunha de que não chovia na hora do acidente. No dia, a mulher se recusou a fazer o teste do bafômetro, após orientação de um advogado. No entanto, os relatos dos policiais que atenderam à ocorrência e das vítimas indicavam os aspectos físicos de embriaguez, como olhos vermelhos e o rosto inchado. A equipe conseguiu testemunhas de que a motorista bebeu em uma confraternização no Bairro Aeroporto antes de dirigir.
“Toda a comprovação de que ela ingeriu bebida alcoólica durante um churrasco, em que ela permaneceu por cerca de 9h, chegando por volta das 13h e saiu de lá por volta das 21h30, segundo imagens captadas pelo sistema de câmeras de segurança de vários locais”.
Também segundo o delegado Rodrigo Rolli, há imagens da mulher fazendo ultrapassagens pela direita, em velocidades incompatíveis com as vias e relato de testemunha de que ela transitava em zigue-zague e na contramão em alguns trechos.
Delegado explica porque indiciada está solta
O delegado explicou por que a motorista responderá em liberdade. “Tendo em vista o que a lei processual fala, em momento algum ela atrapalhou a investigação, se apresentou, ficou no direito constitucional de permanecer calada. Além disso, ela é arrimo de família, tem filhas, mãe, avós dependentes dela. E não há qualquer tipo de evidência de que vai fugir da aplicação da lei penal. Ela vai responder ao processo penal. Agora fica a cargo da Justiça”.
O inquérito foi encaminhado ao Poder Judiciário e aguarda a manifestação do Ministério Público (MPMG). “Agora cabe ao MP se vai indiciá-la dentro do Tribunal do Júri por dolo eventual ou do processo na vara judicial comum”, disse o delegado Rodrigo Rolli