A ESL, uma das principais organizadoras de torneios de esports, anunciou nesta sexta-feira (3) a suspensão da ESL Impact, o principal circuito profissional de Counter-Strike feminino. A decisão surpreendeu a comunidade competitiva e simboliza o encerramento de uma era para a modalidade que a competição ajudou a solidificar.
O circuito, considerado o pilar do CS feminino desde sua criação em 2022, terá sua última disputa na 8ª temporada, prevista para novembro.
Em comunicado oficial, a ESL classificou o encerramento como uma “decisão incrivelmente difícil”, citando a inviabilidade financeira do projeto como principal motivo. A organização afirmou que, apesar do sucesso em promover o Counter-Strike feminino, “o atual modelo econômico é simplesmente insustentável, apesar de um investimento significativo.”
The future of ESL Impact: pic.twitter.com/nul6ReGGo0
— ESL Impact (@ESLImpact) October 3, 2025
O fim da ESL Impact representa uma perda significativa para o ecossistema do Esports, especialmente para regiões como a América do Sul. Essa era a principal competição para as jogadoras da região, garantindo visibilidade e um caminho de desenvolvimento profissional constante. Sem ela, as atletas voltam a depender de torneios esporádicos e competições mistas. A equipe brasileira FURIA, atual campeã mundial do circuito, está entre as mais afetadas.
Apesar do encerramento do ESL Impact, alguns torneios regionais mantêm viva a chama da competição feminina. Entre eles, podemos destacar o Rainhas do Clutch 2025, uma iniciativa organizada pela Federação do Estado do Rio de Janeiro de Esportes Eletrônicos (FERJEE). A organização anunciou recentemente a abertura das inscrições para o Open Qualify, garantindo que o desenvolvimento e a continuidade da competição feminina permaneçam ativos no cenário nacional.
O encerramento sob a justificativa de insustentabilidade levanta um debate mais amplo sobre o investimento e as prioridades dentro dos Esports. Em 2022, a ESL e a plataforma FACEIT foram adquiridas pelo Savvy Games Group — um grupo controlado pelo Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita (PIF) — em uma transação de US$ 1,5 bilhão. Na época, o objetivo anunciado era criar uma “plataforma de jogos competitivos” em um “ecossistema verdadeiramente global”.
A decisão de descontinuar um circuito focado na inclusão, logo após um investimento bilionário, levantou questionamentos na comunidade sobre as estratégias de longo prazo da companhia e suas prioridades em relação à diversidade.
Mesmo com o encerramento, a ESL garantiu que seu “compromisso de criar um ecossistema mais diverso e inclusivo” permanece como um valor fundamental, e aproveitou a nota para agradecer jogadoras, equipes e fãs pelo suporte ao longo das sete temporadas já concluídas.