Enviado especial a Paris - Caio Bonfim alcançou um resultado histórico nesta quinta-feira (1º). O brasileiro
Caio participou dos Jogos Olímpicos pela quarta vez na carreira. Em Londres 2012 terminou longe da ponta, apenas na 33ª posição. No Rio, bateu na trave e ficou no 4º lugar. Em Tóquio, ficou em 13º lugar.
“Quando eu atravessei em 13º em Tóquio, fiz um compromisso comigo que poderia mais. Difícil foi o dia que marchei na rua pela primeira vez e fui xingado. Ali eu larguei para esse dia”, disse em entrevista à Cazé TV após a prova.
“Terminei carregado numa cadeira de rodas em 2012, quarto em 2016. Hoje aqui, medalhista olímpico e poder falar. O momento é eterno. Tem que ter coragem para viver de marcha atlética. Valeu a pena pagar o preço”, completou.
Caio vem de uma família de atletas. A mãe foi oito vezes campeã brasileira de marcha atlética. O pai faz parte da comissão técnica e é o treinador do atleta.
“Hoje eu pude falar para meu pai e minha mãe, nós somos medalhistas olímpicos. Tem que lidar com tanta coisa, senti a mão de Deus me ajudando. A prova parece que estamos brincando de rebolar, mas são 20km. Nos quatro últimos quilômetros, fiz um ritmo de 3:45. O intuito dessa prova de quem caminha mais rápido e ganha de você correndo”, brincou.
O brasileiro, de 33 anos, ainda deixou em aberto a possibilidade de buscar a quinta participação olímpica. Caio Bonfim disse que vai em busca do índice para disputar novamente a prova em 2028.
“Vamos trabalhar, vamos par Los Angeles. Estou muito feliz, é um momento muito especial para mim, obrigado”, finalizou.
Mãe atleta e pai treinador
Gianette Bonfim, mãe de Caio, foi atleta e oito vezes campeã da marcha atlética. Ela chegou a ter índice olímpico para participar dos Jogos Olímpicos de 1996, mas não competiu e foi a primeira incentivadora do filho no esporte. Ele é treinado pelo pai, João Sena.
Caio treina no Distrito Federal, no estádio Augustinho Lima. Ele e a família organizam e administram o Centro de Atletismo de Sobradinho, organizado pela família Bonfim.
Antes de se dedicar exclusivamente ao atletismo, Caio se aventurou em outro esporte. O brasileiro chegou a fazer parte das categorias de base do Brasiliense, time do Distrito Federal.
Drama na infância
Caio precisou superar o primeiro desafio da vida logo aos sete meses. O atleta teve meningite aos sete anos de idade, além de duas pneumonias.
Por não derivados de leite devido a uma intolerância à lactose e pela falta de cálcio, os ossos se fragilizaram. O resultado foram as pernas tortas.
Caio foi operado quando tinha três anos e teve as pernas realinhadas. Os médicos consideravam difícil o menino voltar a caminhar.
Caio é o principal nome da marcha atlética no Brasil. Está na quarta Olimpíada.
A virada
Caio começou a se dedicar para a Marcha Atlética em 2007, aos 16 anos. O atleta dividia os treinos de atletismo com o futebol.
Com o apoio dos pais, foi campeão brasileiro nas categorias de base. A evolução no esporte foi premiada com feitos inéditos como o 4º lugar na Rio 2016, além de destaque em Mundiais e Jogos Pan-Americanos.
A prova
O brasileiro começou a prova com o maior ritmo entre todos os atletas. Logo nos primeiros quilômetros chegou à liderança e abriu vantagem sobre o pelotão que vinha atrás.
Neste momento, ele sofreu duas advertências da arbitragem. Se tomasse a terceira, sofreria punição de dois minutos e estaria fora de uma disputa pelo pódio.
Por garantia, Caio Bonfim diminuiu o ritmo e permitiu a chegada do pelotão da frente. Foi onde ele ficou até a reta final na prova, ao lado dos principais concorrentes.
No quilômetro 14, o brasileiro voltou à liderança, acompanhando de perto pelos rivais.
A partir daí se formou um pelotão menor. Caio Bonfim ficou até o fim entre os primeiros, mas o equatoriano disparou no final para ficar com o ouro.