A “novela” que envolve Atlético e Cuiabá, pelo não pagamento de parcela da contratação do atacante Deyverson, ganhou mais um capítulo nesta quinta-feira (16). O clube mineiro foi intimado pela Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD ) a comprovar a quitação da dívida com o Dourado até dia 27.
O Alvinegro terá que desembolsar mais de R$ 4 milhões, referentes ao valor cheio da negociação, além de R$ 228 mil, referente às custas do processo. O não pagamento levará o processo para a divisão de regulação para aplicações de sanções por descumprimento, e caso o Galo não pague na data especificada, receberá nova advertência. Posteriormente, caso novamente não cumpra com o prazo, pode ser punido com transferban (não poder contratar jogadores).
A condenação aconteceu em 29 de agosto e atende o desejo do Cuiabá de receber a quantia de forma integral; ou seja: sem parcelamento. Deyverson foi contratado pelo Galo em 2024, e o clube pagou apenas a primeira parcela, de R$ 500 mil.
Entenda o caso
No acordo inicial pela contratação, os R$ 4,5 milhões referentes ao montante total da negociação seriam pagos em cinco parcelas. Após quitar a primeira, o Alvinegro não honrou a segunda, vencida em 15 de setembro de 2024.
O Cuiabá notificou o Atlético cinco dias após o vencimento e deu o prazo de mais 20 para que o pagamento fosse quitado. Como o Alvinegro não cumpriu o pagamento, a diretoria do Dourado ameaça ação na CNRD.
No acordo feito entre as partes, caso houvesse atraso em alguma parcela, a partir daquele momento, todas as outras deveriam ser pagas integralmente. Ou seja: como pagou R$ 500 mil, o Galo teria que quitar os outros R$ 4 milhões de forma única.
Divisão das parcelas por Deyverson
- R$ 500 mil - quitados da primeira parcela
- R$ 500 mil vencidos 15/09/2024
- R$ 1.500.000 31/03/2025 - vence automaticamente com o atraso
- R$ 1.000.000 30/06/2025 - vence automaticamente com o atraso
- R$ 1.000.000 30/09/2025 - vence automaticamente com o atraso
Cuiabá se pronuncia
Com uma baixa em torno de 70% nas receitas devido à queda para a Série B do Campeonato Brasileiro, o clube mato-grossense, credor de mais de R$ 40 milhões referentes a negociações de jogadores seus com equipes brasileiras, viu times tradicionais do país como Corinthians (R$ 18,5 milhões), Santos (R$ 16,3 milhões), Atlético (R$ 4,7 milhões), e Grêmio (R$ 700 mil) não honrarem os seus compromissos.
“Essas inadimplências nos atrapalham. Recorremos ao mercado financeiro para poder equilibrar o fluxo de caixa”, explica o presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch.
“Mesmo tendo muito dinheiro para receber, a gente teve que fazer algumas operações de crédito para equilibrar o dia a dia do clube. Vemos todos os dias que os clubes não param de contratar, devendo, e não pagam. É uma pena. Essa desregulagem financeira que existe no mercado do futebol brasileiro”, acrescentou.
Ainda de acordo com Dresch, a CBF precisa fazer com que a CNRD seja mais rígida na aplicação das leis já existentes: “Eu espero que ela (CBF) tire as regras que ela já possui do papel e equilibre um pouco mais essa balança porque os clubes com menos dinheiro, com menos capacidade de arrecadação, sofrem muito a questão do fluxo de caixa, buscam o mercado financeiro e acabam pagando juros”.
“Um clube como o Cuiabá precisa focar nisso porque dificilmente vai conseguir competir com os outros clubes nessas receitas recorrentes, então, você precisa investir bastante na formação de atletas e poder ter jogadores que o mercado quer comprar. E é isso que a gente tem feito”, explicou lembrando que todo o lucro conquistado pelo clube é repassado para melhorias na estrutura”, finalizou.
Posicionamento do Atlético
Em contato com a Itatiaia, feito por meio da assessoria de imprensa, o departamento jurídico do Atlético se posicionou sobre tema:
“O processo arbitral é sigiloso, nos causa estranhamento o vazamento de informações e ordens processuais sigilosas. O Atlético se manifestará perante a CNRD no prazo legal”.
