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Motorista de ônibus relata momentos de terror em ataque da Mancha Alviverde à Máfia Azul

Em entrevista à Itatiaia, motorista detalhou emboscada de organizada do Palmeiras contra cruzeirenses, em Mairiporã

Ônibus que Fabrício dirigia ficou completamente destruído após emboscada

Sobrevivente da emboscada feita pela Mancha Alviverde contra integrantes da Máfia Azul, o motorista Fabrício Ribeiro relatou, nesta sexta-feira (1º), os momentos de terror vividos no km 55 da BR-381, em Mairiporã, no interior de São Paulo. Diante da emboscada da organizada do Palmeiras, um torcedor do Cruzeiro morreu e outros 17 ficaram feridos.

Em entrevista exclusiva à Itatiaia, Fabrício revelou que era proprietário dos dois ônibus atingidos pelos palmeirenses. Enquanto um veículo foi totalmente carbonizado, o outro ficou completamente destruído ao receber pedradas e golpes com barras de ferro. O homem dirigia o ônibus que não pegou fogo. O prejuízo material foi avaliado em R$ 230 mil.

À reportagem, o motorista relembrou o ataque da organizada do Palmeiras e ressaltou que os crimes foram planejados.

“No retorno de Curitiba, passamos do centro de São Paulo, estava pensando em chegar rapidamente a Belo Horizonte, quando passamos na praça de pedágio dois ônibus. Passou um do lado no Sem Parar e eu estava do outro lado. Quando a pista afunilou, vimos uns quatro veículos parados com pisca- alerta e muitas pessoas na pista. Assim que paramos os ônibus, já começaram os disparos de foguetes”, iniciou.

“Soltaram muitos foguetes em direção ao ônibus. A gente não tinha como dar ré ou correr. Eu estava no primeiro ônibus. Recebi pedradas no para-brisa, barras de ferro. Me abaixei no volante com medo de ser atingido. Quando eu vi, uma pessoa jogou uma bomba-garrafão pela janela e resolvi descer do ônibus”, completou o motorista.

Na sequência, Fabrício também contou que, ao descer do ônibus, o segundo veículo já estava pegando fogo. Para ficar vivo, ele decidiu se esconder.

“Quando eles vinham em minha direção, eu avisava que era o motorista. Eu levantava os braços e eles me pediam para sair. Eu corri e me escondi. Nesse momento, o segundo ônibus já estava pegando fogo”, frisou.

Reencontro com a família

Horas após ter sido vítima da emboscada, ainda assustado, Fabrício foi recebido em casa pela família com o sentimento de alívio. Estar vivo e sem nenhuma sequela, segundo ele, não tem preço. No entanto, será difícil voltar a dormir bem nos próximos dias.

“No domingo, quando chegamos em casa, minha esposa foi me receber na garagem, recebi um abraço. Ver meu pai e minha filha de novo não tem preço. Por mais que tenha prejuízo material, isso a gente corre atrás. A nossa vida vale muito mais. Ter passado por tudo aquilo e voltado para minha família é o maior presente que eu poderia ter recebido”, disse.

“Minha esposa fala que dou umas balançadas na cama, falo algumas coisas. Tenho tentado ficar bem. Agradeço muito a Deus pela oportunidade de voltar em segurança”, reforçou Fabrício.

‘Não faço mais esse serviço’

Por fim, o homem declarou que, por causa da emboscada da Mancha Alviverde, abandonará a carreira de motorista. O medo de um novo ataque o impede de seguir na profissão.

“Eu já tinha feito viagens com outras torcidas, mas nunca tinha passado por isso. Particularmente, coloquei que não faço mais esse tipo de serviço. É uma situação que não desejo para ninguém, que só eu e os outros motoristas podemos dizer”, encerrou.

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Leonardo Garcia Gimenez é repórter multimídia na Itatiaia. Natural de Arcos-MG e criado em Iguatama-MG. Passou também pela Record Minas.

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