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Máfia Azul x Mancha: entenda o porquê da rixa entre organizadas de Cruzeiro e Palmeiras

Fundador da Máfia Azul revelou que organizadas já foram aliadas, mas seguiram lados opostos nos anos 1980

Rivalidade entre torcidas Máfia Azul e Mancha Alviverde começou nos anos 1980

A emboscada deste domingo (27) da organizada Mancha Alviverde, do Palmeiras, que causou a morte de um integrante da Máfia Azul e deixou 17 feridos no KM 55 da BR-381, em Mairiporã-SP, foi um dos muitos conflitos protagonizados pelas duas facções. As torcidas têm rixa que perdura desde a década de 1980, mas já foram aliadas.

Em entrevista à Itatiaia, Éder Toscanini, fundador da Máfia Azul em 1977, explicou como a relação entre as partes estremeceu.

Segundo ‘Tosca’, como é popularmente conhecido, a ruptura começou ainda na década de 1980, após a morte do ex-presidente e fundador da Mancha Verde (hoje Mancha Alviverde), Cleofas Sóstenes Dantas da Silva, conhecido como Cléo. O assassinato dele foi o primeiro envolvendo líderes de torcidas organizadas no Brasil e nunca foi solucionado.

Ainda que a Máfia Azul não tivesse nenhuma relação com a morte, um cântico iniciado em um jogo entre Palmeiras e Cruzeiro, realizado em São Paulo, na década de 1980, selou o início da cisão entre as organizadas dos dois clubes, curiosamente de origem italiana e que tiveram o mesmo nome: Palestra Itália.

“A gente era aliado no começo dos anos 1980. Mas na época da morte do Cléo, teve a briga. A gente não era inimigo. Éramos rivais apenas. Com a morte do Cléo, alguns integrantes de outras torcidas de São Paulo entraram dentro da Máfia Azul, em jogo no Palestra Itália (antigo estádio Parque Antártica), em São Paulo, e começaram a puxar: ‘O Cléo morreu. A Mancha se fudeu’. Mas não foi a Máfia. A partir daí é que nós viramos rivais, pois a Mancha não aceitou isso. Desde os anos 1980 tem essa briga, essa confusão”, contou ‘Tosca’ à Itatiaia.

Oficialização da rixa ocorreu em 1987

Inicialmente, a divisão entre as torcidas de origem italiana foi informal. Apenas anos mais tarde é que Mancha Verde (hoje Mancha Alviverde) e Máfia Azul se tornaram de fato rivais. ‘Tosca’ conta que, em 1987, diversas organizadas se aliaram no evento chamado ‘Cronograma do Ódio’.

Como as duas facções não tinham boa relação havia alguns anos, as torcidas de Cruzeiro e Palmeiras tomaram lados opostos.

“Foi em 1987. É o ‘Cronograma do Ódio’. Saiu na Revista Veja. Juntaram as torcidas aliadas de um lado e as aliadas do outro. O punho cruzado é Cruzeiro, Flamengo e São Paulo. Do outro ficaram Atlético, Palmeiras e Vasco. Ali começou o processo de aliados”, lembra Éder Toscanini, o ‘Tosca’.

A união ‘Dedo pro Alto’ (DPA) conta hoje com organizadas de Atlético, Palmeiras, Vasco, Grêmio, Botafogo, Coritiba, Santa Cruz, Bahia e outros 14clubes. Já a união ‘Punho Cruzado’ tem torcidas de Cruzeiro, Flamengo, São Paulo, Internacional, Vitória, Athletico-PR, Sport e outras facções pelo país.

Leia mais sobre a emboscada:

Emboscada

A Mancha Alviverde armou uma emboscada para a Máfia Azul na madrugada deste domingo (27), em Mairiporã, no interior de São Paulo. O ataque ocorreu enquanto os torcedores retornavam de Curitiba, rumo a Belo Horizonte, após derrota cruzeirense para o Athletico-PR, pelo Brasileirão. Um cruzeirense morreu e outros 17 ficaram feridos.

A vítima fatal do ocorrido é José Victor Miranda, 30 anos, que fazia parte da Máfia Azul de Sete Lagoas. Antes da partida, seu pai, que é taxista na cidade da Região Central de Minas, o implorou para que não fosse ao jogo contra o Athletico-PR. Ele era motoboy autônomo e deixa um filho de 10 anos.

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Retaliação

Em contato com a Itatiaia, a Máfia Azul confirmou que o ataque deste domingo (27) é uma retaliação ao confronto que as organizadas protagonizaram em 2022, em Carmópolis de Minas.


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Jornalista pela PUC Minas, Pedro Leite é repórter do portal Itatiaia Esporte. Tem experiência na cobertura diária de portais, redes sociais e jornal impresso. Apaixonado por futebol, já passou pelo Superesportes.