O Atlético já está preparado para pagar a punição que receberá do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), pelos diversos incidentes ocorridos na Arena MRV no último domingo (10), na decisão da Copa do Brasil contra o Flamengo. A Procuradoria, inclusive, já fez pedido de interdição do estádio e para que o Alvinegro atue com portões fechados em outro local (a ser definido pelo clube).
Ciente da gravidade dos fatos - foram atiradas bombas (uma inclusive feriu um fotógrafo), copos e outros objetos no gramado, houve invasão às bilheterias, denúncias de atos racistas -, a cúpula da SAF já se prepara para cumprir o que for determinado pelo órgão. O único desejo é que a pena seja a mesma aplicada em casos semelhantes ocorridos no futebol brasileiro.
Nesta terça-feira (12), a Itatiaia esteve na Arena MRV e conversou com Bruno Muzzi, CEO do Atlético. Durante a entrevista, ele admite os erros cometidos (pelo clube), traduz os episódios como “selvageria” e promete aos demais torcedores que os envolvidos, identificados, serão banidos das partidas do Galo como mandante. Além disso, outras medidas também serão tomadas no estádio, como a troca dos vidros de proteção, que terão altura maior.
“Um dia triste. Um dia em que nós nos sentimos envergonhados por tudo que aconteceu. É um dia de bastante reflexão. Sem nos isentar de qualquer responsabilidade. Sem apontar dedos, mas assumir que erramos e assumir o que precisa ser feito”, destacou Muzzi.
Temos que pensar novas medidas. Mais duras, mais drásticas, para que a selvageria não volte a acontecer. A punição a gente sabe que vai vir. Obviamente vamos nos defender. O que a gente espera é ter as punições nos mesmos níveis de gravidade de outros episódios. Vamos cumprir o que for imposto na Arena MRV”, foi além.
Quais os erros cometidos pelo Atlético?
Muzzi - Queria falar um pouco sobre o que a gente fez. A gente tem um centro do comando e eu estava lá desde 12h. Esse centro tem uma cadeira para todas as seguranças públicas. É um gabinete de crise. Todos estavam ali presentes. A gente tinha para esse jogo, 710 pessoas de segurança privadas, diferentemente de 400 pessoas de jogos anteriores.
A gente tinha o gramado gradeado. A gente teve o maior contingente de choque e policia militar, mas não foi o suficiente para conter tudo que a gente viu.
Catracas
Muzzi - Nós tivemos um início de lentidão nas catracas 13h. Nesse momento, tínhamos 50 pessoas entrando por minuto nas catracas. A gente entrou em contato com a empresa das catracas, mas não resolveram.
A gente mudou a catraca para o modo contador e reestabelecemos o fluxo. Por volta de 13h40, estavam passando 450 pessoas por minuto nas catracas. O que aconteceu é que houve comunicação para que os torcedores invadissem, que as catracas não estavam funcionando. Às 15h30 eles começaram a fazer o chamado “cavalo doido” para tentar invadir. A gente tinha o Choque, os seguranças, mas invadiram em diferentes setores. Ali, a gente teve que fechar os portões.
Como as pessoas entraram com bombas na Arena MRV?
Muzzi - Talvez tenhamos que ampliar o perímetro e usar outras tecnologias para que a gente controle os acessos à esplanada. O que aconteceu é que torcedores que não passaram pelo portão principal entraram para a esplanada por invasão, sem controle. Entraram com bombas e foram criminosos de fato.
Vimos a barbaridade e bombas dentro do estádio. No fim do jogo, arrastões nos setores. Gera insegurança. É inaceitável. Temos que fazer uma mudança significativa para aumentar a punição. No dia, tivemos 16 pessoas conduzidas. 12 presos. Já identificamos a pessoa que cometeu a injúria contra repórter, pessoa que lançou bomba; Não a bomba contra Nuremberg (fotógrafo). Identificamos as pessoas que arremessaram copos. Identificamos comparsas que invadiram o estádio.
O Atlético vai banir os envolvidos do estádio?
Muzzi - A gente já vinha com o critério de punição de banir donos de cadeiras, camarotes, o que seja. Vamos banir. É exatamente isso que vamos fazer. Vamos banir. Esse tipo de torcedor tem que estar fora do estádio. O reconhecimento facial vai nos ajudar nisso, de impedir que estas pessoas acessem a Arena.
O vidro de proteção será trocado?
Muzzi - A gente não sabe ainda o que vem de punição. Vamos nos defender, vamos fornecer todas as informações. Assim que tivermos posicionamento, vamos tomar as medidas que devem ser feitas. É um caminho que vamos ter que seguir (colocar vidro). Infelizmente, tem os bandidos da torcida. A gente precisa controlar isso. Vamos ter que subir os vidros da Arena MRV.
Qual o suporte será dado ao fotógrafo atingido por uma bomba?
Muzzi - Desde ontem estamos em contato com ele. Custeando todo o tratamento. O Sérgio Coelho e os médicos do Atlético estão lá e vamos dar todo o suporte para ele.
Depois deste episódio, quais as lições tiradas pelo clube?
Muzzi - O que aconteceu domingo é inadmissível. A SAF do Galo é uma SAF séria, correta. Faremos de tudo para que a gente mantenha um ambiente seguro aqui dentro. Tudo que falei protocolos, sobre vidro, catracas mais seguras, ampliação da verificação das pessoas, punições mais severas, tudo isso vai ser levado muito sério.