A ex-cuidadora de Mário Jorge Lobo Zagallo entrou com um processo na Justiça do Trabalho contra a família do ex-jogador e ex-técnico de Seleção Brasileira. A funcionária alegou “ambiente de trabalho humilhante e hostil”. As informações são do colunista Diego Garcia, do UOL.
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A ação foi aberta na Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, em abril deste ano, três meses após a morte de Zagallo, em janeiro. A ex-cuidadora disse ter passado os últimos dias de vida do ex-jogador ao lado dele no hospital.
Inicialmente, a enfermeira pediu um valor de R$ 328.115,27 de indenização. A 42ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, redefiniu o valor para R$ 190 mil. Entretanto, os representantes da família de Zagallo ofereceram R$ 18 mil. A proposta foi imediatamente rejeitada.
Más condições de trabalho
A funcionária disse ter sofrido com as más condições de trabalho. Ela revelou que dormia no mesmo quarto de Zagallo, em um colchão no chão. A cuidadora completou que não conseguia descansar por ser constantemente acordada para acompanhar o ex-treinador.
Ela revelou que estava à disposição do ex-jogador 24 horas por dia, sem ter tempo para descanso. Segundo a cuidadora, ela não podia se ausentar nem para se alimentar.
A enfermeira também acusou Mário César, filho de Zagallo, de “utilizar um tom ríspido e ofensivo”, com conduta abusiva, configurando assédio moral.
Ainda segundo ela, na pandemia da COVID-19, a funcionária responsável pela limpeza do apartamento deixou de frequentar o local. Assim, ela passou a ter que realizar os serviços domésticos, além do seu trabalho de cuidadora.
Defesa
A defesa da família de Zagallo negou as acusações feita pela funcionária. Segundo os representantes, ela possuia uma acomodação privativa e tinha pausas alimentares. Ainda reforçaram que ela traballhava um plantão de 12 ou 24 horas por semana, sendo substituída por outra cuidadora.
A defesa também afirmou que a alegação de assédio moral não tem fundamentos.
O processo corre em segredo de Justiça no Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro. Uma nova audiência está marcada para o dia 16 de outubro.
Outras acusações
Essa não é a primeira vez que a família de Zagallo enfrenta ex-cuidadoras na Justiça. Em 2021, o Ministério Público do Rio de Janeiro arquivou uma denúncia de estupro contra Mário Zagallo por falta de provas.
A acusação foi feita por Fabiane Ribeiro Barbosa, ex-cuidadora do pai. Segundo ela, os abusos aconteceram entre 2017 e 2021.
Na época, Mário confirmou a existência de um relacionamento extraconjugal com Fabiane, mas negou a violência sexual. A investigação contou com análise de mensagens e depoimentos de testemunhas. Entretanto, não foram constatados comportamentos abusivos.
Disputa pela herança
Dias após a morte do técnico tetracampeão com a Seleção Brasileira, os filhos de Zagallo já estavam em disputa pela sua herança. As divergências entre os quatro filhos do ex-jogador rolam desde 2012, quando a esposa de Zagallo faleceu. Antes de sua morte, o ex-técnico já havia revelado a decepção com os filhos devido às brigas pelo dinheiro.
A situação se intensificou após a leitura do testamento do campeão mundial. No documento, Zagallo deixou metade do seu patrimônio para o filho mais novo, Mário, e a outra metade para ser dividida entre os três filhos mais velhos.
A decisão de Zagallo de repartir os bens foi tomada após os três primeiros filhos abrirem mão da herança do pai. Entretanto, após um tempo, eles se arrependeram e tentaram reverter a escolha. A anulação do inventário foi negada pela Justiça.
O valor estimado dos bens deixados por Zagallo é de R$ 15 milhões. O testamento ainda inclui cinco imóveis, sendo um apartamento avaliado em R$ 7 milhões e uma casa de verão em pouco mais de R$ 1 milhão.