O Palmeiras não falará com a imprensa nesta quarta-feira (5), após clássico contra o São Paulo pelas quartas de final da Copa do Brasil. A presidente Leila Pereira defendeu em entrevista na zona mista do Morumbi o técnico João Martins, que hoje comanda a equipe com Abel Ferreira suspenso. Desde o último domingo, Verdão e CBF travam guerra após decisão de arbitragem.
Blindagem ao elenco
“Nossos atletas não vão falar, o João não vai falar. Isto não é retaliação com a imprensa, de maneira alguma. Tenho profundo respeito pelo trabalho de cada um de vocês, sou jornalista como vocês, mas neste momento, em virtude da nota tão pesada que a CBF emitiu pelas declarações do João, achei melhor blindar nosso elenco e comissão técnica”, disse a presidente em entrevista na zona mista.
O Palmeiras chega para o confronto contra o São Paulo após eliminação em 2022 para o Tricolor com erro de arbitragem contra, admitido pela CBF. Na ocasião, o VAR não traçou linha de impedimento do atacante Calleri, em lance que resultou em pênalti para o rival.
“Nesses momentos a presidente tem que se manifestar, tentei de outras formas resolver esse problema grave com a arbitragem, não é a primeira vez que o Palmeiras é prejudicado, ano passado nós fomos retirados da Copa do Brasil por um erro assumida da arbitragem contra o Palmeiras. Tivemos um prejuízo financeiro, esportivo e até psicológico porque a gente trabalha muito, eu trabalho muito e nossos atletas”, declarou a mandatária.
“Boa parte da imprensa séria e outras também ficam cobrando que o Palmeiras não faz trabalho de bastidor, mas é um trabalho sigiloso. Quem diz que o Palmeiras não faz trabalho de bastidor? O Palmeiras faz, sim, trabalho de bastidor. A presidente do Palmeiras é recebida em todos os jogos, o Palmeiras é um clube que tem muita credibilidade, a presidente também e somos recebidos bem em todos os lugares. O Palmeiras tem um problema não com a CBF, mas com a comissão de arbitragem, que tem prejudicado demais nosso clube”, seguiu a presidente.
Continuidade de Abel
As seguidas polêmicas de arbitragem e discussões com a CBF criaram na torcida do Palmeiras a discussão se Abel Ferreira deixaria o país antes do final de seu contrato, em dezembro de 2024.
“O Abel e toda nossa comissão técnica têm contrato com a gente até o final de 2024. Tenho certeza pelas pessoas que são que não sairíam por isso. Eles não vão nos abandonar antes do término do contrato. Não canso de dizer que meu desejo é tê-los até 2027, caso reeleita. É desgastante para eles, mas também é para mim. Meu negócio não é o futebol, eu invisto e trabalho também no futebol, mas sou empresário. O ambiente precisa melhorar”, disse Leila sobre o futuro do treinador.
São Paulo e Palmeiras se enfrentam nesta quarta-feira (5), às 19h30 (de Brasília), no estádio do Morumbi.
Entenda o caso
João Martins disparou contra a arbitragem e a CBF no último domingo (2), em entrevista coletiva após empate por 2 a 2 com o Athletico-PR, pela 13ª rodada do Campeonato Brasileiro, na Arena da Baixada, em Curitiba. Ele substituiu Abel Ferreira à beira do campo, após o treinador ter sido suspenso por tomar o celular de um jornalista na zona mista. "É mau para o sistema o Palmeiras ganhar (o Brasileirão) dois anos seguidos”, teria dito o auxiliar.
Em resposta, a CBF acusou o profissional de xenofobia e disse que irá levar o caso até o Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O Palmeiras, por meio de nota, rebateu as críticas da entidade.
O rosto de João já é conhecido pela torcida palmeirense e até pelos rivais. No Brasil desde 2020, o português de 35 anos chegou junto com a comissão técnica de Abel Ferreira ao Palmeiras. Além dele, outros três nomes integram o grupo: Carlos Martinho, Tiago Costa e Vitor Castanheira. João Martins já está ao lado do treinador há 11 anos, desde as categorias de base do Sporting. Quando Abel treinava o Paok, da Grécia, o auxiliar também esteve ao seu lado.
Antes de assumir o cargo na comissão técnica de Abel, atuou como meio-campista no futebol português, em clubes como Sporting, Gil Vicente e Vizela. Ele tem a licença B de treinador da Uefa.
Instrutor fitness, o profissional é responsável por fazer a ligação entre a comissão técnica, jogadores e departamento médico do clube. Por causa dessa relação com tantos núcleos, ele é o substituto imediato do treinador quando ele não pode estar à frente da equipe nos jogos, geralmente por suspensão. Desde 2020, já comandou a equipe em 21 oportunidades - contando a partida de domingo, contra o Athletico-PR.
“Pela saúde mental da comissão técnica, ainda bem que sou eu hoje aqui. Nós entendemos que o futebol brasileiro passa uma imagem do futebol mais competitivo do mundo porque ganham vários. Mas ganham vários porque muitas vezes não deixam os melhores ganhar. Mais uma vez o que aconteceu hoje. Entendemos que é ruim para o sistema o Palmeiras ganhar dois anos seguidos”, disse Martins após empate com o Athletico-PR.
Através de nota oficial, a CBF afirmou que “o ato lamentável foi muito além das reclamações semanais da arbitragem” e acusou João Martins de xenofobia, alegando que ele diminuiu a relevância e importância do torneio nacional no continente europeu.