A polícia da Espanha desmantelou duas redes que operavam no país para enganar famílias estrangeiras, especialmente brasileiras, com falsas promessas de transformar seus filhos em jogadores de futebol profissionais de elite no país europeu.
Segundo comunicado divulgado pelas forças de segurança espanholas nesta terça-feira (11), foram detidas 11 pessoas em duas operações, denominadas Gol y Alevines e que foram deflagradas no primeiro trimestre de 2023. Outros dois suspeitos estão sendo investigados pela Polícia.
De acordo com as autoridades, as duas redes, que não têm ligação uma com a outra, administravam escolinhas de futebol na cidade de Granada e prometiam a famílias estrangeiras de alta renda a possibilidade de inserir jovens em clubes de futebol na Espanha.
Eram oferecidos alojamento e os trâmites burocráticos para obtenção de permissão de residência na Espanha, em troca de um investimento inicial de 5 mil euros (cerca de R$ 27.500) e depois um pagamento mensal entre 1,5 mil e 1,7 mil euros (entre R$ 8.200 e R$ 9.300).
Jovens entre 16 e 23 anos
Nos alojamentos de uma das escolinhas, foram encontrados 30 jovens estrangeiros entre 16 e 23 anos, sendo a maioria de origem brasileira.
Na segunda operação, foram encontrados cerca de 40 jovens, também a maioria formada por brasileiros. Em ambos os casos, estavam “em condições de superlotação e com pouca comida”.
Na maioria dos casos, os estrangeiros não recebiam autorização de residência e eram forçados a abandonar o país europeu.
“As duas organizações deixavam os jovens em condições deploráveis durante os 90 dias de permanência no país como turistas, já que os procedimentos de imigração não eram admitidos ou eram negados, o que obrigava os jovens enganados a retornar a seus países”, informou a Polícia espanhola no comunicado.
Segundo o jornal espanhol El Mundo, o golpe era aplicado em três estágios. No primeiro, um captador deslocado ao país originário dos jovens convencia as famílias e tratava dos trâmites da viagem.
Depois, os donos das escolinhas matriculavam os jovens e, por fim, supostos dirigentes e empresários indicavam os alojamentos e fingiam tratar dos trâmites legais como registro dos atletas em federações locais para enganar as famílias.