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Pelé eterno: veja a história do Rei do Futebol na Seleção Brasileira

Craque é o único jogador que conseguiu vencer três Copas do Mundo na história

As histórias construídas na Seleção Brasileira e na Copa do Mundo escancaram a condição de maior jogador de futebol de todos os tempos de Pelé, que morreu nesta quinta-feira (29), no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, vítima de complicações causadas por câncer no cólon

Com 16 anos ele estreou com a camisa amarela num momento de grande depressão do nosso futebol, que nas Copas pós-Segunda Guerra tinha perdido o título em casa, em 1950, para o Uruguai, e caído nas quartas de final em 1954, na Suíça, diante da grande equipe da Hungria, que foi vice-campeã, mas marcando 27 gols nos seis jogos disputados, com a imbatível média de 4,5.

Os cinco gols nos cinco primeiros jogos pela Seleção Principal credenciaram Pelé a disputar o Mundial da Suécia, em 1958, com apenas 17 anos. O acaso fez dele o camisa 10 do time comandado por Vicente Feola. Ele transformou este número numa marca, tornando-se no primeiro jogador a alcançar isso.

Foram quatro as Copas disputadas por Pelé. No Top 5 de artilheiros gerais do torneio, ele é apenas o quinto colocado, com 12 gols, isso em 14 jogos, média de 0,85. Na lista dos maiores campeões, ele lidera sozinho, absoluto, com três taças.

Surgimento

Em 1958, na Suécia, foi a sensação do torneio, entrando na equipe na última rodada da fase de grupos e marcando seis gols em quatro partidas, sendo três deles sobre a França, nas semifinais, e dois diante dos suecos, na decisão.

Artilheiro daquele Mundial, com incríveis 13 gols, o marroquino naturalizado francês Just Fontaine certa vez declarou: “Quando vi Pelé jogar, tive vontade de pendurar as chuteiras”.

Em 1962, no Chile, uma lesão muscular logo na segunda partida da fase de grupos tirou Pelé da competição. Mas não o título do Brasil, que ganhou o bicampeonato.

Quatro ano depois, na Inglaterra, o craque viveu seu momento mais difícil na única Copa que não saiu como campeão. A Seleção caiu na fase de grupos pela única vez na sua história e ele, vítima da violência dos adversários, não conseguiu um desempenho satisfatório.

Consagração

A Copa do Mundo do México, em 1970, foi a última de Pelé. E com certeza aquela em que ele se consagrou. Muito mais que gols, ele fez jogadas espetaculares. Na estreia, nos 4 a 1 sobre a Tchecoslováquia, viu Viktor adiantado e arriscou do meio-de-campo, proporcionando a corrida desesperada do goleiro tcheco em direção à sua meta.

Na última rodada da fase de grupos, deu uma cabeçada de manual que exigiu um milagre do inglês Banks, considerado um dos melhores goleiros do mundo naquela época.

Nas semifinais diante do Uruguai, numa jogada em velocidade, deu uma finta de corpo em Mazurkiewicz, uma meia-lua, sem tocar na bola, mas sem ângulo finalizou para fora.

A genialidade de Pelé era tamanha, que até seus quase-gols foram inesquecíveis.

Fruto de quem tinha uma capacidade especial para ver o jogo. Os 4 a 1 sobre a Itália, na decisão disputada no Estádio Azteca, na Cidade do México, foram fechados com um dos gols mais bonitos da história das Copas, marcado por Carlos Alberto após assistência de Pelé.

O goleiro italiano Albertosi descreveu assim o que viu de dentro de campo: “Fixei meu olhar em Pelé. A bola estava em seus pés. Ele não virou a cabeça. Não olhou para trás. Ninguém gritou pedindo a bola. Jogou um pouco atrás. Adivinhou que Carlos Alberto estava chegando. Só os duendes podem explicar o que houve”.

História

Nas 90 partidas que disputou pela Seleção Brasileira Principal, entre 1957 e 1971, foram 77 os gols marcados, média também de 0,85.

As 95 bolas na rede consideradas pela CBF incluem tentos diante de clubes, combinados e seleções regionais ou estaduais, confrontos que não fazem parte dos critérios da Fifa.

Independentemente disso, Pelé, o eterno e maior camisa 10 da história, não foi apenas números. “Pelé podia virar-se para Michelangelo, Homero ou Dante e cumprimentá-los com íntima efusão: - Como vai colega?”, escreveu certa vez o cronista Nélson Rodrigues. É este o resumo, Pelé é gênio.

Alexandre Simões é coordenador do Departamento de Esportes da Itatiaia e uma enciclopédia viva do futebol brasileiro
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