Durante anos várias cidades do Vale do Jequitinhonha foram vistas como locais sem oportunidades de emprego. Das atuais atividades que geram vagas de trabalho na região estão a agricultura, pecuária, artesanato e mineração de pedras e preciosas. Mas, nos últimos anos, a construção de uma planta de extração e beneficiamento de lítio para baterias de carros elétricos movimenta a região.
Êxodo
Por conta da falta de oportunidades, durante um bom tempo, várias pessoas, sem perspectiva, saíram do Vale em busca de emprego em outras cidades e até mesmo estados. Era comum membros de famílias deixarem suas casas para se dedicarem ao manejo da cana de açúcar e só retornarem depois de oito meses.
Em alguns casos, quando voltavam para o lar, os pais nem eram reconhecidos pelos filhos, como comenta a Maria Rita da Conceição Santos, de 51 anos, que mora na zona rural do município de Itinga:
“Antigamente aqui não existia serviço nenhum assim. Os maridos deixavam as mulheres, os filhos e iam trabalhar fora. Igual meu pai mesmo, quando nós éramos pequenos meu pai foi trabalhar fora e mandava dinheiro pra minha mãe. Tanto que quando meu pai voltou, disse que eu falei com mamãe, mãe esse é que é o meu pai? Nem conheci meu pai.”, relembra.
Outra situação observada pela reportagem da Itatiaia é que, em busca de oportunidades, filhos acabam deixando pais e mães idosos sozinhos, como é o caso da dona Otelina Santos Ribeiro, de 68 anos, que perdeu o marido há poucos meses. Ela comenta que não pensa em mudar da região: “Aqui é muito bom! Eu não penso sair daqui não. Eu tô só, meu esposo faleceu, minha menina foi embora, só eu que estou aqui.”
Diversificação
A economia do Vale do Jequitinhonha é pautada principalmente pelo setor de serviços, sendo que a maior participação se dá pelas Prefeituras das cidades e do comércio. O doutorando do Departamento de Economia da UFMG, Tomás Balbino, pesquisa o Vale do Jequitinhonha há alguns anos e conversou com a Itatiaia. Ele explica que, ao contrário do que diz o senso comum, a economia regional é diversificada, por vários motivos.
“Desde o ponto de vista do aspecto cultural, turístico, que mobiliza muitas frentes no setor cultural, mas também do ponto de vista da agricultura. Tem uma agricultura familiar pungente na região, uma produção de escala que abastece os mercados locais, mas também o que realmente é o mais forte ali no território, segundo os dados do PIB regional, é o setor de serviços. O serviço é responsável por cerca de quase 70% de toda a produção da região, em especial os serviços da administração pública e do comércio. O que é uma característica comum dos municípios do interior do Brasil como um todo.”, explicou Tomás.
Ouça a reportagem, exibida na programação da Itatiaia:
Reportagem: Gustavo Cícero
Produção: Pablo Nogueira
