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Cultura: riqueza do Vale do Jequitinhonha

Série especial sobre o Vale do Jequitinhonha apresenta manifestações culturais da região

Mulher trabalha o barro

O tempo passa e as manifestações culturais do Vale do Jequitinhonha se fortalecem, e vão ganhando cada vez mais novos integrantes. As tradições que, de geração em geração, foram por muito tempo uma forma encontrada para conquistar renda, se transformaram em riquezas, conhecidas e reconhecidas para além da região. Os saberes, o ofício dos artesãos e o artesanato em barro são exemplos de expressões que romperam fronteiras, ganharam o “mundo” e viraram Patrimônio Cultural do Estado de Minas Gerais, honraria conquistada há 4 anos.

Matérias primas

O barro, que para muitos significa sujeira, é para os moradores do Vale matéria prima indispensável para construir variadas peças, que encantam pela simplicidade e ao mesmo tempo pela exuberância.

As esculturas em madeira, a tecelagem e os bordados também fazem parte do artesanato da região. Mas não só de objetos materiais é feita a riqueza do Vale. Na música, diversas letras retratam a cultura e as tradições do local.

Patrimônio Imaterial

O cantor e pesquisador cultural Carlos Farias, coordenador do grupo artístico musical Coral das Lavadeiras, comenta que essas tantas manifestações artísticas ajudam a despertar em cada morador uma sensação de pertencimento.

“A cultura é a própria vida e especificamente falando do Vale do Jequitinhonha, Norte de Minas, Vale do Mucuri, o fazer cultural é que dá pertencimento, é que eleva a nossa autoestima é que gera a nossa inclusão. Então, está imerso na cultura nos dá um sentido assim, de cidadania.”, diz.

“O nosso Coral das Lavadeiras começou a partir da inauguração de uma lavanderia comunitária na cidade de Almenara, no dia 30/09/1990. Portanto, há 32 anos, as lavadeiras reunidas naquele lugar começaram a cantar aquelas cantigas de domínio público.”, complementa.

“A grande riqueza que existe lá é a arte popular, o artesanato então é uma coisa fantástica, que está gerando emprego e renda para milhares de pessoas que se dedicam a essa prática. E outra coisa, existe agora um turismo ecológico, um turismo que está levando pessoas de longe para conhecer aquele jeitinho próprio do povo do Jequitinhonha de contar histórias, de fazer aquele Beiju, aquela receitinha, aquele bolo. O Jequitinhonha só tem a ganhar com isso!”, finaliza Carlos.

Vale de Riqueza

O Vale do Jequitinhonha, que para muitos é sinônimo de pobreza, para o cantor e compositor da região, Rubinho do Vale, se parece mais com um Vale de riqueza, inclusive, cultural.

“Na verdade nunca foi, inclusive já não se fala tanto isso, né?! Essa palavra Vale da pobreza a gente tenta tirar do vocabulário, do nosso universo, porque é o Vale da Riqueza, o Vale da Esperança, o Vale da cultura, é o Vale do Amor, o Vale de um povo maravilhoso e é o Vale de muita riqueza. É o Vale de um Rio com potencial maravilhoso. É o Vale de minérios, de riquezas minerais variadas é um Vale de potencial agrícola, pecuário e um Vale de um povo trabalhador, sonhador, honesto e a gente sonha que este Vale, continue rico na sua cultura, rico na nossa essência e na medida do possível, melhorar as condições de vida da nossa população.”

Rubinho do Vale diz que os artistas da música são conhecidos nacionalmente. E complementa: “O meu desejo é que mude muita coisa. Que desenvolva, que as estradas melhorem, que a saúde melhore, que o atendimento à saúde melhore e que o cuidado das pessoas seja alimentação, trabalho, escola, tudo melhore.”

Ouça a reportagem, exibida na programação da Itatiaia:

  • Reportagem: Gustavo Cícero

  • Produção: Pablo Nogueira

Apaixonado por rádio, sou um bom mineiro que gosta de uma boa conversa e de boas histórias. Além de acompanhar a movimentação do trânsito, atuo também na cobertura de vários assuntos na Itatiaia. Sou apresentador do programa ‘Chamada Geral’ na Itatiaia Ouro Preto.