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Relembre a carreira de Preta Gil, que morreu aos 50 anos vítima de câncer

Cantora lutava contra um câncer no intestino desde 2023

Preta Gil durante comando do TVZ, no Multishow

Preta Gil faleceu neste domingo (20), aos 50 anos, em decorrência de complicações causadas por um câncer no intestino. A artista, que estava em tratamento nos Estados Unidos, deixa o filho Fran Gil, de 30 anos, e a neta Sol de Maria, de 9 anos.

Filha do cantor Gilberto Gil e afilhada de Gal Costa, Preta cresceu cercada por grandes ícones da música brasileira. Iniciou sua vida profissional atuando como publicitária e produtora, mas foi aos 29 anos que decidiu seguir o caminho artístico, lançando, em 2003, seu primeiro álbum Prêt-à-Porter. A obra chamou atenção pela capa, na qual aparecia nua, e destacou-se com a canção “Sinais de Fogo”, composta por Ana Carolina e Antônio Villeroy.

Ao longo de sua trajetória musical, Preta lançou diversos álbuns, como Preta (2005) e Noite Preta (2010), cujo nome também batizou a turnê que percorreu o país por sete anos. O êxito desse projeto levou à criação do Baile da Preta, uma festa que celebrava a diversidade musical brasileira com irreverência e inclusão.

Em 2013, para comemorar uma década de carreira, ela gravou o DVD Bloco da Preta, reunindo diversos ritmos brasileiros, do pop ao samba, passando pelo axé, funk, pagode e sertanejo. O show contou com a participação da bateria Black Power e de convidados especiais, como Ivete Sangalo, Lulu Santos, Anitta, Thiaguinho e Israel Novaes.

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No Carnaval carioca, deixou sua marca com o Bloco da Preta, criado em 2010, que se tornou um dos maiores blocos do Rio de Janeiro, atraindo multidões no centro da cidade.

Fora dos palcos, a artista comandou, em 2011, o programa Vai e Vem, no GNT. Participou de produções como Ó Paí, Ó, Vai Que Cola, As Cariocas e foi apresentadora do TVZ, no Multishow. Também integrou o elenco do reality Em Casa com os Gil e foi jurada do quadro Show dos Famosos, no Domingão do Faustão.

Em 2017, lançou seu sexto e último álbum, Todas as Cores, distribuído exclusivamente em formato digital. O trabalho contou com participações de artistas como Gal Costa, Marília Mendonça e Pabllo Vittar, e incluiu a faixa “Botando a fila para andar”, também de autoria de Ana Carolina.

Além da música, destacou-se como empresária. Foi uma das fundadoras da agência Mynd, especializada em marketing de influência e gestão de imagem de artistas, representando nomes como Luísa Sonza, Pabllo Vittar e Camilla de Lucas.

Na vida pessoal e profissional, Preta Gil sempre se posicionou de forma corajosa e autêntica. Foi uma voz ativa na luta contra o preconceito e em defesa da diversidade. Enfrentou o racismo, a gordofobia e defendeu os direitos das mulheres e da comunidade LGBTQIA+.

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Câncer

Em 10 de janeiro de 2023, Preta recebeu o diagnóstico de câncer de intestino. Ela tinha um tumor de seis centímetros no reto.

Em março daquele ano, a cantora sofreu uma septicemia, teve 4 horas de perda de consciência e precisou ser reanimada. Ela chegou a ficar 20 dias internada na UTI.

Em julho, Preta se afastou das redes sociais para cuidar da saúde mental. A artista relatou que a “dor e a decepção” a motivaram a se distanciar da internet. Ela voltou dias depois.

Em agosto de 2023, a cantora colocou uma bolsa de ileostomia, que foi retirada em dezembro depois do procedimento de reconstrução do trato intestinal.

Em 11 de dezembro de 2023, ela relatou que estava em remissão da doença, que acabou tendo recidiva em 22 de agosto deste ano.

A doença voltou mais agressiva, sendo em quatro lugares. Preta relatou ter dois linfonodos, metástase no peritônio e um nódulo no ureter.

Em 8 de novembro de 2024, Preta passou por cirurgia para troca do Duplo J, visto que estava com cálculos renais que obstruíram seu cateter. Ela recebeu alta dois dias depois e, em menos de 24 horas, voltou ao hospital com dores no rim direito.

Recentemente, em 2025, Preta Gil se mudou para Nova Iorque, nos Estados Unidos, e relatou que está no país em busca da cura, visto que no Brasil já fez tudo o que podia ser feito.

“A quimioterapia que eu fiz lá no Brasil não foi tão eficaz como os médicos esperavam e eu também. Então a gente tem que buscar alternativas em países diferentes, com tipos de estudos diferentes, ensaios ainda publicados ou não publicados, drogas que ainda não chegaram ao Brasil”, disse em dezembro do ano passado, nas redes sociais.

Jornalista pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atualmente, é repórter multimídia no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Antes passou pela TV Alterosa. Escreve, em colaboração com a Itatiaia, nas editorias de entretenimento e variedades.