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Morre Juliana Marins: jornalista da Globo que esteve em vulcão diz que ela estaria viva se não fosse despreparo do governo da Indonésia

Juliana Marins foi encontrada morta nesta terça-feira (24), após quatro dias presa em vulcão; para jornalista de aventura, guia também estava errado

Clayton Conservani fez trilha arriscada em vulcão há 10 anos

Clayton Conservani, que visitou o vulcão Rinjani há 10 anos acompanhado de montanhistas experientes, criticou o guia que deixou Juliana Marins para trás e o governo da Indonésia. O corpo da carioca foi encontrado no local nesta terça-feira (24), após ela ficar quatro dias sem água, alimento e exposta a temperaturas negativas.

Antes do corpo ser localizado, o jornalista da Globo comentou, no “Mais Você", que a situação era extremamente perigosa, visto que à noite as temperaturas caem consideravelmente aumentando os riscos de hipotermia.

Em seguida, ele, que é bastante experiente, critica o guia, que deixou Juliana para trás por ela estar “cansada”. “Não consigo entender como um guia se adiantou e deixou uma pessoa que mostrava sinais de cansaço ficar para trás. Você tem que fechar e ser o último, e estar ali atento a todos que estão no grupo. Não deixar uma pessoa pra trás. Se o guia estivesse ao lado dela isso não teria acontecido”, diz.

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Ele destaca, ainda, que o país - que tem vários destinos turísticos de risco - deveria ter maior preparo para resgates deste tipo. “O governo da Indonésia, lugar que tem vulcões com quase 4 mil metros de altitudes, se eles têm turismo nessas regiões e pessoas, eles deveriam ter equipes eficientes para fazer esse tipo de resgate”.

“O que nós vemos é que eles não têm experiência para agir em situações como essa, tanto que montanhistas de outros lugares tiveram que ir para a Indonésia, assim como voluntários”, acrescenta o jornalista, que elogia, ainda, o trabalho do Corpo de Bombeiros do Brasil.

“As equipes de resgate do Brasil são muito eficientes nesse sentido [...] Isso não aconteceu no caso da Juliana. Se no momento da queda um helicóptero tivesse levantado voo, ela já estava em casa ou em segurança há muito tempo”, pontua.

Ele completa: “Não consigo entender essa morosidade e como não conseguem ter uma corda de 1 quilômetro. Porque não é um paredão vertical, é uma rampa de terreno arenoso, de areia fofa. É difícil entender como os montanhistas não acessaram o local”.

Região altamente perigosa

Há dez anos, Clayton Conservani esteve no local com uma equipe do Globo Esporte. “A região do vulcão Rinjani tem três ou quatro trilhas que vão para esse lugar e todas elas são demoradas. São trilhas distantes, você fica num lugar distante da civilização, então você acessar por terra levando uma equipe de resgate já é um trabalho muito grande”, diz.

“Todas as trilhas são bem técnicas, com florestas. Um terreno bem difícil, vulcânico. Areia fofa com pedras soltas, e o clima desse lugar é muito difícil. Tempestades constantes”, continua.

Ele explica que, apesar da experiência, também teve dificuldade para fazer a trilha. “Mesmo eu e dois montanhistas experientes tivemos muitas dificuldades nesse terreno de pedras soltas. Avistamos também o vulcão vivo.”

“Vi pelas redes sociais que a Juliana é uma menina bastante ativa, muito forte, ela deve ter escorregado. É uma rampa de areia vulcânica - lugar muito difícil de ser acessado”, completou.

Patrícia Marques é jornalista e especialista em publicidade e marketing. Já atuou com cobertura de reality shows no ‘NaTelinha’ e na agência de notícias da Associação Mineira de Rádio e Televisão (Amirt). Atualmente, cobre a editoria de entretenimento na Itatiaia.