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Renato Russo ganha homenagem em rua eternizada pela bossa-nova

Placa indica local onde morou um dos grandes nomes do rock nacional

Prédio em que artista viveu recebeu placa de homenagem

A Rua Nascimento Silva, em Ipanema, bairro nobre da zona sul do Rio de Janeiro, está eternizada na música brasileira pelos versos escritos por Vinicius de Moraes, na letra de Carta ao Tom. O endereço citado é do prédio em que Tom Jobim morou de 1954 a 1960.

“Rua Nascimento e Silva, 107
Você ensinando pra Elizete
As canções de Canção do amor demais”

Uma placa indicativa destaca o imóvel e é ponto para visitantes que querem tirar selfies. A parceria entre os dois gênios da bossa-nova, aliás, é uma das justificativas para — a 80 metros do número 107 — a rua fazer esquina com a Vinicius de Moraes.

Agora, se um curioso pela história da música brasileira atravessar a rua e caminhar por oito minutos vai encontrar outra placa: no número 378 um prédio de quatro andares, da época em que não era muito comum ter varandas, foi o último endereço de Renato Russo, líder da Legião Urbana, que morou lá de 1990 a 1996.

Um fã atento de Renato Russo vai perceber que a portaria do prédio aparece na foto de capa do álbum solo Stonewall Celebration Concert, de 1994. Renato está em pé, segurando uma flor.

Lugar para selfies

Apesar de ser uma rua tranquila e de pouco movimento, turistas têm aparecido para levar uma recordação do lugar. A psicóloga Riane Rebouças Veloso é de João Pessoa e surpreendeu-se ao passar pelo prédio. “Eu sabia que era por aqui, mas não sabia que era exatamente em frente onde a gente estava. Foi emocionante quando a gente se deparou. Uma surpresa bem bacana”, diz à Agência Brasil.

Emoção também para a filha dela. “É muito legal saber que a gente está tão perto de onde morou um dos maiores cantores do Brasil, se não, o maior”, comemora Mariana Rebouças.

A placa indicativa no local é uma iniciativa do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), da prefeitura do Rio de Janeiro, e transforma o lugar em Patrimônio Cultural Carioca. É uma forma de a cidade identificar bens e locais com valores ligados à cultura e à identidade do carioca.

A placa oferece informações para que os visitantes conheçam mais sobre o tema. “O IRPH tem como atribuição proteger, conservar e valorizar o patrimônio cultural da cidade. O projeto Circuitos do Patrimônio Cultural Carioca divulga e informa sobre o rico acervo de bens culturais e as personalidades da cidade do Rio de Janeiro. A placa alusiva ao Renato Russo está no Circuito da Música, que homenageia importantes compositores da música popular brasileira”, afirma Laura Di Blasi, presidente do IRPH.

Cinco álbuns

A placa no prédio onde morou Renato Russo tem informações, como datas de nascimento e morte, participação na Legião Urbana e que cinco álbuns nasceram naquele endereço. “Renato Russo faz parte da história e do imaginário carioca. O Rio e o bairro de Ipanema foram escolhidos pelo artista como moradia e lá ele compôs pelo menos cinco álbuns. Essa homenagem é mais do que merecida e necessária para eternizar a parceria de Renato Russo com a Cidade Maravilhosa”, diz o subprefeito Flávio Valle.

Outros discos que Renato compôs no endereço são V, O Descobrimento do Brasil e A Tempestade, da Legião Urbana, e o solo Equilíbrio Distante.

Biografia

Renato Manfredini Júnior nasceu no Rio de Janeiro, em 1960. Os primeiros passos na carreira artística, ainda na adolescência, e a explosão para o sucesso, entretanto, se deram em Brasília. Em 1979, formou a banda Aborto Elétrico. Três anos depois, se tornou “O Trovador Solitário”, para logo em seguida criar a Legião Urbana. A partir de 1993, aventurou-se também em carreira solo. Em quase duas décadas, Renato foi uma das vozes que mais embalaram os ouvidos de uma geração.

O cantor morreu em 11 de outubro de 1996, aos 36 anos, por complicações causadas pelo contágio pelo vírus HIV. Ele descobriu a doença em 1989, segundo o site oficial do artista, mantido Giuliano Manfredini, filho dele.