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Leny Andrade, que cantava o jazz brasileiro, morre aos 80 anos no Rio

De acordo com a assessoria do Retiro dos Artistas, onde vivia, a cantora estava internada no Hospital de Clínicas de Jacarepaguá

Leny Andrade foi uma das mais prestigiadas cantoras da música brasileira e dedicou sua carreira ao jazz

Dona de uma das interpretações mais arrebatadoras e precisas da música brasileira, a cantora Leny Andrade, que nunca foi chegada a uma falsa modéstia, morreu nesta segunda (24), aos 80 anos, no Rio. De acordo com a assessoria do Retiro dos Artistas, onde Leny vivia, ela estava internada no Hospital de Clínicas de Jacarepaguá.

Desde junho, Leny lidava com as consequências de uma pneumonia, quando precisou ficar intubada. Em 2022, ela registrou a sua última gravação em estúdio, ao acompanhar o pianista Gilson Peranzzetta, parceiro de longa data, em “Por Causa de Você", clássico de Dolores Duran e Tom Jobim, lançado em 1957.

A escolha mostra o pendor de Leny para um repertório sofisticado que, ao mesmo tempo, tratava de questões amorosas, comuns a todo mundo. Ao longo da carreira, ela privilegiou canções que conversavam com o universo do jazz, numa abordagem brasileira, própria, em que a artista imprimia todo seu talento.

Formada em piano clássico, Leny gostava de se intitular a “queridinha dos músicos”. “Alma é tudo o que ofereço ao público. Quando abro a boca, qualquer dor passa. Canto sem temor. Meus amigos e inimigos me abraçam”, declarou em entrevista concedida a este jornalista em 2013, quando comemorava 70 anos.

“Amor de Nada” (bossa nova, 1964) – Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle

Cantora que já nasceu bossa nova quando, em 1964 estreou no LP com “Claudete É Dona da Bossa”, Claudette Soares soube assimilar como poucos as inovações da turma de Tito Madi, Dick Farney, Lúcio Alves, Nara Leão, João Gilberto, Tom Jobim e Marcos Valle. Aliás, “Gente”, de Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle, abre o seu LP de estreia.

Um ano antes, os irmãos Valle haviam tido suas primeiras músicas gravadas, quando o conjunto Os Cariocas lançou simultaneamente, em 1963, as músicas “Vamos Amar” e “Amor de Nada”, que mereceu regravação entusiasmada de Leny Andrade.