Halle Bailey, de 23 anos, interpretou a primeira “Ariel” negra no live-action de “
Nessa terça-feira (6), Gabriela, que colocou tranças para ficar parecida com a Ariel, assistiu o filme pela primeira vez. Porém, antes disso, a mãe dela, a publicitária Bárbara Dias, de 30 anos, recordou de uma cena que ficará para sempre na sua memória. Ao ver o trailer do filme, as características físicas de Halle não passaram despercebidas: “Ela é da minha cor. Ela é igual eu”.
“Eu até chorei ao ver a reação dela. Pena que na hora eu não pensei em filmar, mas, assim, a reação dela foi a coisa mais linda do mundo, porque eu não precisei falar nada que ela já reconheceu a sereia negra como uma pessoa igual a ela”, recorda Bárbara.
Segundo Bárbara, Gabriela colocou tranças duas vezes pelos mesmos motivos: ficar igual à Ariel. “Ela conseguiu fazer esse link com várias características dela”, comenta. Ao ver o cartaz no cinema, a pequena fez questão de pedir à mãe um registro ao lado da sereia. A publicitária revela ainda que a filha ama a “figura mitológica”, que ela possui várias bonecas com a cauda, mas que nenhuma é negra e se parece com a filha. Pelo menos, até antes da Ariel.
Na sala de cinema, Gabriela voltou a comentar com a mãe. “Olha, mamãe a sereia. É igualzinha a mim”, disse. “Na hora que começou o filme, ela ficou bastante ansiosa, porque demorou um pouco para ela aparecer. Ela ficou o tempo todo perguntando cadê a sereia e, na hora que ela pareceu, uau. Ela ficou alucinada, falando que ela era linda e que se pareciam muito ”, recorda.
Bárbara recorda que, diferente da filha, não teve essa referência na infância. “Foi sensacional ver o filme e o quanto isso importa. Na minha época, os personagens seguiam um padrão: brancos com cabelos loiros e, no máximo, ruivos ou escuros, mas sempre lisos. Por isso, talvez, comecei a alisar o cabelo tão cedo. Minha mãe também é branca, então não tinha essa referência em casa”, afirma.
Diálogo
Bárbara comenta que, desde cedo, conversa com a filha sobre o quanto ela é bonita do jeito que é. “Minha intenção é fazer com que ela se sinta bonita com o cabelo natural e destacar que ela não precisa de outros recursos para se sentir bonita. Tudo bem querer colocar tranças ou fazer qualquer outra coisa no cabelo, mas, desde que ela se sinta bonita sem os recursos [...] Desde quando minha filha nasceu, se tornou a minha causa”, explica.
“Graças a Deus eu consegui. Ela tem uma autoestima muito boa e é uma menina muito inteligente, muito esperta. Então ela capta as coisas ao redor dela e eu sempre explico para ela que ninguém pode falar da cor dela de forma pejorativa, né? Até mesmo para ela me contar caso aconteça em algum lugar que ela for”, acrescenta.
Ela usa como recurso oferecer conteúdos para que Gabriela possa se sentir de alguma forma representada. “Ela procura características parecidas com as dela e, até então, a maioria dos filmes não tinha isso. Teve o filme da Moana, que é um personagem negro, mas o cabelo é cacheado e não crespo. Então, ainda, não representava 100% uma menina negra”, destaca.
Para ela, além de toda a representatividade que o filme carrega, ele traz uma mensagem sobre a relação pais e filhos. “Ela abriu mão da própria voz para conseguir o que ela queria [...] Eu chorei no filme, porque nós, como pais, às vezes queremos proteger demais os nossos filhos e acabamos não escutando eles. Eu achei o final lindo. Foi incrível”, finaliza.