A eleição de 2022 ampliou o abismo entre grupos com ideologias completamente diferentes de mundo e o desafio para os próximos anos será amenizar essa polarização. A análise é do cientista político e diretor do instituto de pesquisa Quaest, Felipe Nunes, que participou na tarde desta segunda-feira (31) do Itatiaia Agora.
Nunes avalia que a disputa pelo comando do governo federal foi além do embate entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT),
“O que observamos ao longo dessa eleição foi a intensificação da polarização que vem se desenhando no Brasil há alguns anos. O Brasil já era um país polarizado desde 1994, com PT e PSDB duelando na disputa presidencial. Essa polarização política se transformou em uma polarização social. Até que em 2018 chegamos ao maior nível de polarização afetiva, quando as pessoas não se tratam mais como adversárias, mas passam a se tratar como inimigas. E isso tem consequências porque, diante de um cenário de polarização afetiva, a tendência é vermos aumentar valores autoritários e de violência. Estamos vendo isso a olhos nus no Brasil. Essa eleição ampliou o abismo de duas visões de mundo muito diferentes. Legítimas. Dentro da democracia é normal que se tenha essa diferenciação, o problema é quando essa diferença vai para o campo da afetividade”, avaliou o cientista político.
Felipe Nunes afirmou que, mesmo com a derrota, o bolsonarismo continuará relevante na política brasileira como principal representação da direita. “O bolsonarismo não acaba com a derrota de Bolsonaro ontem. O bolsonarismo é um movimento que unifica valores, atitudes e preferências à direita, e esse é um movimento que vai perdurar por muitos anos na sociedade, como tem sido no caso da esquerda, o movimento em torno de Lula”, disse.