Fundador do partido Novo em 2011 e candidato à Presidência da República pela legenda em 2018, o ex-banqueiro João Amoêdo declarou voto no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições presidenciais.
Em entrevista à coluna “Painel S.A”, da Folha de S. Paulo, Amoêdo disse que fará, pela primeira vez, “algo que nunca imaginei”, nas palavras dele: votar no PT.
“Contra a reeleição de Jair Bolsonaro, pela primeira vez na vida, digitarei o 13. Apertar o botão “Confirma” será uma tarefa dificílima. Mas vou me lembrar do presidente que debochava das vítimas na pandemia, enquanto milhares de famílias choravam a perda de seus entes queridos”, declarou.
Após ter conseguido 2,6 milhões de votos em 2018 - ficando em quarto lugar na disputa à Presidência - João Amoêdo declarou voto em Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno. No entanto, após a eleição do atual presidente, tomou uma postura crítica a Bolsonaro, tendo recebido críticas de diversas alas do Novo, incluindo o governador de Minas Gerais, Romeu Zema.
Ainda durante a entrevista à Folha de S. Paulo, Amoêdo disse que sua visão sobre Lula e PT não mudou e disse que fará oposição a quem quer que seja eleito no dia 30 de outubro.
“Como esquecer o mensalão, o petrolão, a recessão de 2015 e 2016, as pedaladas fiscais, o apoio a ditaduras? Discordo integralmente das ideias e dos métodos. A incapacidade de assumir erros é garantia de erros futuros. Nunca tive dúvida. Nem Lula nem Bolsonaro merecem meu voto. Serei oposição a qualquer um dos dois”, declarou.
No entanto, segundo Amoêdo, a eleição de Lula garante a ele o direito de ser oposição.
“Porém, e infelizmente, a escolha que agora se apresenta na urna não é sobre os rumos que desejo para o Brasil, mas só a possibilidade de limitar danos adicionais ao nosso direito como cidadão. E é só isso que espero manter com essa eleição: o direito de ser oposição”, afirmou.
Críticas a Bolsonaro
Em abril de 2020, Amoêdo irritou parte do partido Novo ao endossar o coro por “impeachment” de Jair Bolsonaro. O empresário renunciou à presidência do partido e disse que se manteria apenas como filiado.
As críticas continuam.
“Nestes quatro anos, regredimos institucionalmente e como sociedade. A paixão e o ódio dominaram o debate político, levando a polarização a níveis inaceitáveis. A independência dos Poderes foi comprometida”, afirmou.
Ainda segundo a entervista de Amoêdo, o ex-presidente do Novo disse esperar críticas da legenda pela declaração de voto em Lula, mas ressaltou que a postura “não seria coerente”.
“O estatuto do Novo não prevê qualquer restrição ao filiado em situações como essa, e um dos princípios do partido é a liberdade de expressão. Além disso, não tive conhecimento de qualquer crítica do partido aos mandatários que declararam voto e apoio a Bolsonaro logo após o término das eleições, mesmo havendo uma diretriz partidária que orientava a instituição e as candidaturas para esse ano como oposição ao governo federal”, completou.