Ouvindo...

Dia da Independência: 7 de setembro deve ter tom diferente de anos anteriores

Últimos anos foram marcados por manifestações organizadas por grupo pró-Bolsonaro; mobilização, em 2023, é menor

Blindados do Exército no desfile cívico-militar de 7 de setembro de 2022, em Brasília

Ao contrário de anos anteriores, em que o Dia da Independência do Brasil foi marcado por manifestações políticas, desta vez, o 7 de Setembro deve ter ares mais calmos e menos politizados, tanto em Brasília, onde ocorre o mais tradicional desfile que reúne representantes das Forças Armadas, como nas demais capitais.

Em 2021 e 2022, a reboque de convocações feitas pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL), grupos à direita promoveram manifestações Brasil afora — em alguns casos, com críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ministros da Suprema Corte.

Desta vez, em Belo Horizonte, o Direita Minas, responsável por organizar atos que atraem bolsonaristas, afirma que não pretende fazer nenhuma mobilização. Apesar disso, outras lideranças prometem um protesto contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na Praça da Liberdade, na região Centro-Sul.

O “Fora, Lula” da Praça da Liberdade tem sido propagandeado pelo grupo “Direita BH”. Um dos materiais de divulgação com referências ao evento pede que a população não compareça aos desfiles oficiais do 7 de Setembro, como o cortejo que vai acontecer durante a manhã na avenida Afonso Pena, no centro da capital mineira. No conteúdo que faz referência ao “Fora, Lula”, organizadores apontam que o ato deve começar às 10h.

Nas redes sociais, porém, perfis que indicam apoiar Bolsonaro incentivam uma espécie de “boicote” ao feriado. A ideia desse grupo é promover movimento que ganhou a alcunha de “Fique em Casa”.

Paralelamente à manifestação contra o presidente, há previsão de ocorrência do “Grito dos Excluídos”, que tradicionalmente reúne integrantes de movimentos sociais, sindicatos, pastorais ligadas à Igreja Católica e manifestantes vinculados à esquerda. A concentração será na praça Vaz de Mello, na Lagoinha, às 9h, com saída para caminhada, às 10h, em direção à Ocupação Pátria Livre, no bairro Santo André, região Noroeste.

Diferenças nos discursos

Em Brasília (DF), palco do mais célebre desfile da Independência, as celebrações também terão tom mais modesto. Se, no ano passado, listado na História do país por abrigar as comemorações do Bicentenário do fim do Brasil Colônia, o cortejo teve grandes proporções, desta vez a solenidade será menor, sem a participação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Federal (PF).

O tom adotado por Lula neste 7 de Setembro também deve ser distinto da linha escolhida por Bolsonaro nos dois últimos anos. De acordo com o governo federal, o presidente não fará discurso durante o desfile para evitar “politização” da data - o que marca uma diferença com relação ao seu antecessor.

Em 2021, Bolsonaro fez um discurso na Avenida Paulista, em São Paulo (SP), e fez críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao ministro Alexandre de Moraes.

“Sai, Alexandre de Moraes. Deixa de ser canalha. Deixa de oprimir o povo brasileiro, deixa de censurar o seu povo”, disse Bolsonaro na ocasião, que completou com outra frase:

"[Quero] dizer a vocês, que qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá", afirmou no evento realizado na capital paulista.

Motociata no Rio em 2022

No ano passado, no Rio de Janeiro (RJ), depois de liderar uma motociata entre os bairros da Glória e Copacabana, na Zona Sul, o então chefe do poder Executivo fez um discurso com menções indiretas a Lula.

“Não sou muito bem educado, falo palavrões, mas não sou ladrão”, disse, à ocasião, a despeito de não ter citado o nome do rival eleitoral.

O petista, por sua vez, não deve discursar ao público na capital federal. O desfile da Independência deste ano leva o lema “Democracia, soberania e união”.

“Nossa mensagem principal, com esta celebração nacional, é a de união das pessoas, das famílias. Nação quer dizer ‘união de um povo’, sentimento de pertencimento. Vamos resgatar os valores da República, os símbolos oficiais, como a bandeira do Brasil e o Hino Nacional, que sempre foram de todos nós e que contam nossa história. Exaltar esses símbolos nacionais é fundamental para reavivar o que está na Constituição”, projetou, no mês passado, o ministro Paulo Pimenta, chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência.

Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.