Os irmãos Ramiro Júlio Soares Madureira e Augusto Soares Madureira, dois dos três sócios à frente da 123 Milhas, faltaram ao depoimento marcado na CPI das Pirâmides Financeiras para esta terça-feira (29) e conseguiram adiá-lo para quarta-feira (30) às 18h após pedido feito ao Supremo Tribunal Federal (STF) e acatado pela ministra Cármen Lúcia. O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) afirmou que os sócios da empresa de viagens serão conduzidos coercitivamente se não comparecerem à oitiva marcada.
“Redesigno para amanhã [quarta-feira, 30] a oitiva marcada. Caso eles se eximam de comparecer, não restará outra alternativa à CPI que não seja requerer a condução coercitiva. Como foi frisado no voto da ministra [Cármen Lúcia], eles [sócios] têm o dever de comparecer”, afirmou. “Acreditamos que eles vão conseguir emitir uma passagem, como no ofício do advogado. Não sei se eles vão conseguir pela 123 [Milhas]”, acrescentou.
À ministra Cármen Lúcia, o advogado Eugenio Pacelli afirmou que os irmãos Ramiro e Augusto só souberam da convocação pelas redes sociais, mas, se comprometeram a vir à sessão na quarta-feira. A ausência dos sócios na sessão da CPI das Pirâmides Financeiras ocorre na exata data em que a 123 Milhas protocolou na Justiça de Belo Horizonte um pedido de recuperação judicial. Nessa terça-feira (28),
A CPI analisa desde 19 de agosto a possibilidade dos negócios da 123 Milhas serem estruturados como uma pirâmide financeira. O relator Ricardo Silva (PSD-SP) reiterou a hipótese citando o recente pedido de recuperação judicial do grupo. “Fui informado há pouco sobre o anúncio de recuperação judicial. [Esse anúncio] reforça a nossa tese de que algo muito errado acontecia ali. Não pelo pedido de recuperação judicial, mas pela forma como se deu”, disparou.
Relembre. No último 18 de agosto, a 123 Milhas disparou uma nota para os clientes informando que não emitiria as passagens e os pacotes da linha promocional com previsão de embarque entre setembro e dezembro. Na data, a empresa prometeu que devolveria o valor investido em vouchers, que, aliás, poderiam ser usados para a compra de outros produtos. Os ministérios da Justiça e Segurança Pública e do Turismo devem investigar a atuação da empresa e o cancelamento dos serviços negociados para garantir a reparação dos danos aos clientes.
CPI das Pirâmides. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras ouve representantes de empresas ligadas a possíveis fraudes, especialmente ligadas ao uso de criptomoedas. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) detalhou que 11 empresas são suspeitas de realizar fraudes com o uso da moeda digital, atraindo vítimas com a promessa de retorno vantajoso e em curtos períodos.
A CPI deve conduzir coercitivamente o ex-atacante Ronaldinho Gaúcho nos próximos dias, após o jogador faltar aos dois depoimentos marcados em ocasiões anteriores. Outras estrelas na mira da CPI são os atores Cauã Reymond, Marcelo Tas e Tatá Werneck, cujos sigilos bancários serão quebrados.