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Ministério da Educação não revogará Novo Ensino Médio, mas cancela mudanças e propõe outro formato

O ministro da Educação Camilo Santana (PT) detalhou série de mudanças após suspensão da implementação da reforma do ensino médio

Ministro da Educação, Camilo Santana, detalhou resultados da consulta pública nesta segunda-feira

O Ministério da Educação (MEC) propôs uma série de mudanças à reforma do Ensino Médio aprovada pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) e que começou a ser implementada pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Nesta noite de segunda-feira (7), o ministro Camilo Santana (PT) listou três grandes alterações na remodelação feita pelos presidentes anteriores: recomposição da carga horária, manutenção do formato atual do Enem até a edição de 2024 e a vedação completa da educação à distância na formação básica.

“O grande erro [da reforma do ensino médio], digo porque eu era governador do Ceará na época, é que não houve diálogo. Eu não acredito em nenhuma política pública que não seja construída a várias mãos. Assim, os grandes erros foram a falta de diálogo e como as mudanças foram implementadas”, criticou. Ainda nesta segunda-feira, o ministro apresentou os resultados da consulta pública organizada pelo MEC em março sobre os desejos dos estudantes e dos professores sobre a educação a nível médio.

As mudanças propostas pelo Ministério da Educação serão enviadas para o Conselho Nacional de Educação e para os grupos estaduais e apresentadas às comissões de Educação da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. “Até 21 de agosto, as entidades que participaram da consulta pública vão julgar essas propostas do MEC. Convidaremos as comissões de Educação e apresentar o relatório. Até porque as mudanças precisam passar pelas Casas Legislativas”, afirmou. “Fato é que há uma determinação do presidente Lula [PT] para garantir o melhor ensino médio para os estudantes brasileiros”, disse.

O ministro garantiu que não irá revogar o Novo Ensino Médio, mas, irá alterá-lo a partir do Projeto de Lei (PL) 13.415, que será enviado ao Congresso Nacional para discussão e aprovação até o final de agosto. “Até o fim do mês espero que esteja tudo consolidado e, se possível, já encaminhado ao Congresso Nacional. Não será a revogação da lei, mas, sim, mudanças”, indicou.

Quais são as propostas do MEC?

  • Recomposição da carga horária para a Formação Geral Básica (FGB): a reforma sancionada por Michel Temer (MDB) previa carga horária de 1.800 horas; a proposta do governo Lula (PT) é voltar à carga para 2.400 horas; a quantidade cai para 2.200 horas quando as escolas oferecerem cursos técnicos;

  • Novos componentes curriculares: o MEC propõe que sejam definidos os componentes curriculares cujos saberes têm que ser contemplados; o ministério sugere e as escolas adotem na Formação Geral Básica alguma das seguintes opções: espanhol, arte, educação física, literatura, história, sociologia, filosofia, geografia, química, física, biologia ou educação digital;

  • Reduzir itinerários formativos de cinco para três: serão contemplados os seguintes percursos, se aprovada a proposta do MEC: linguagens, matemática e ciências da natureza; linguagens, matemática e ciências humanas e sociais; formação técnica e profissional;

  • Vedação à educação à distância na Formação Geral Básica: à contramão da reforma de Temer, o MEC de Camilo Santana quer a proibição da adoção do EAD na formação básica dos estudantes; será permitido apenas em 20% na oferta para a Educação Profissional Técnica;

  • Enem 2024: a próxima edição do Enem [2023] e a seguinte [2024] estarão mantidas restritas à Formação Geral Básica, seguindo os anos anteriores. As edições dos anos seguintes serão discutidas com a sociedade no contexto do novo Plano Nacional de Educação (PNE);

Esses são os cinco principais pontos da proposta do Ministério Educação. Entretanto, há pelo menos outras quatro prioridades do governo para o Projeto de Lei 13.415 que será enviado ao Congresso Nacional até o fim do mês de agosto, segundo prevê o ministro Camilo Santana. Alguns dos exemplos são: proposta para garantir a redução da evasão escolar, recomposição das aprendizagens dos estudantes afetados pela suspensão das aulas em função da pandemia de Covid-19 e elaboração de um documento orientador do “reconhecimento do notório saber”.

Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.