O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ter ficado “abalado” com a
“Se alguém me contasse que em Roraima tinham pessoas sendo tratadas dessa forma desumana, como vi o povo Yanomami aqui, eu não acreditaria. O que vi me abalou. Vim aqui para dizer que vamos tratar nossos indígenas como seres humanos”, afirmou.
Lula criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela situação deixada pelo seu governo na região e foi endossado pela ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara (PSOL), que estava na comitiva do governo que foi a Roraima.
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"É desumano o que eu vi aqui. Se o presidente que deixou a Presidência esses dias deixasse de fazer tanta motociata, tivesse vergonha e viesse aqui uma vez, quem sabe o povo não tivesse tão abandonado como está?”, questionou Lula.
Depois de desembarcar na capital roraimense, o presidente seguiu para o hospital indígena e a Casa de Apoio à Saúde Indígena, onde conversou com profissionais da saúde e representantes do povo Yanomami.
Sônia Guajajara (PSOL) culpou o governo de Bolsonaro pela desassistência na região.
“Precisamos responsabilizar a gestão anterior por ter permitido que a situação se agravasse ao ponto de chegar aqui e a gente encontrar adultos com peso de crianças e crianças em uma situação de pele e osso”, afirmou em discurso em Boa Vista.
De acordo com a ministra, nos últimos quatro anos, 570 crianças Yanomami morreram devido à fome.
Comitê de enfrentamento
O governo federal criou um comitê para coordenar ações de enfrentamento à desassistência sanitária para indígenas que vivem no Território Yanomami, em Roraima. Um decreto presidencial que instituiu o colegiado foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União desta sexta-feira (20).
O comitê terá duração de 90 dias e apresentará um plano de trabalho em até um mês e meio. Fazem parte do comitê a Casa Civil e os ministérios dos Povos Indígenas, Saúde, Defesa, Justiça e Segurança Pública, Desenvolvimento e Combate à Fome e Gestão e Inovação em Serviços Públicos.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, que fez parte da comitiva presidencial que se deslocou a Roraima disse que os problemas eram conhecido no ano passado. A pasta declarou situação de emergência sanitária para combater os problemas de saúde no local.
“Nós vimos [durante a equipe de transição] um alerta da gravidade da situação (...) Definimos que essa situação é emergência sanitária de importância nacional, semelhante a uma epidemia. Com isso vamos ter mais condições de agir rapidamente frente à situação”, afirmou a ministra.