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‘Vamos tratar os indígenas como seres humanos’, diz Lula em Roraima após casos de desnutrição

Presidente responsabilizou ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela situação de desassistência no Território Indígena Yanomami

Lula viajou para Roraima para verificar situação de indígenas Yanomami

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ter ficado “abalado” com a falta de assistência à saúde para indígenas que vivem no Território Yanomami, em Roraima. Ele viajou para Boa Vista na manhã deste sábado (21) após denúncias de que crianças da etnia estariam sofrendo de desnutrição.

“Se alguém me contasse que em Roraima tinham pessoas sendo tratadas dessa forma desumana, como vi o povo Yanomami aqui, eu não acreditaria. O que vi me abalou. Vim aqui para dizer que vamos tratar nossos indígenas como seres humanos”, afirmou.

Lula criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela situação deixada pelo seu governo na região e foi endossado pela ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara (PSOL), que estava na comitiva do governo que foi a Roraima.

"É desumano o que eu vi aqui. Se o presidente que deixou a Presidência esses dias deixasse de fazer tanta motociata, tivesse vergonha e viesse aqui uma vez, quem sabe o povo não tivesse tão abandonado como está?”, questionou Lula.

Depois de desembarcar na capital roraimense, o presidente seguiu para o hospital indígena e a Casa de Apoio à Saúde Indígena, onde conversou com profissionais da saúde e representantes do povo Yanomami.

Sônia Guajajara (PSOL) culpou o governo de Bolsonaro pela desassistência na região.

“Precisamos responsabilizar a gestão anterior por ter permitido que a situação se agravasse ao ponto de chegar aqui e a gente encontrar adultos com peso de crianças e crianças em uma situação de pele e osso”, afirmou em discurso em Boa Vista.

De acordo com a ministra, nos últimos quatro anos, 570 crianças Yanomami morreram devido à fome.

Comitê de enfrentamento

O governo federal criou um comitê para coordenar ações de enfrentamento à desassistência sanitária para indígenas que vivem no Território Yanomami, em Roraima. Um decreto presidencial que instituiu o colegiado foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União desta sexta-feira (20).

O comitê terá duração de 90 dias e apresentará um plano de trabalho em até um mês e meio. Fazem parte do comitê a Casa Civil e os ministérios dos Povos Indígenas, Saúde, Defesa, Justiça e Segurança Pública, Desenvolvimento e Combate à Fome e Gestão e Inovação em Serviços Públicos.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, que fez parte da comitiva presidencial que se deslocou a Roraima disse que os problemas eram conhecido no ano passado. A pasta declarou situação de emergência sanitária para combater os problemas de saúde no local.

“Nós vimos [durante a equipe de transição] um alerta da gravidade da situação (...) Definimos que essa situação é emergência sanitária de importância nacional, semelhante a uma epidemia. Com isso vamos ter mais condições de agir rapidamente frente à situação”, afirmou a ministra.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.