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Tecnologia em teste na Copa do Mundo 2022 vai melhorar transmissões de TV

Em entrevista exclusiva à Itatiaia, vice-presidente da MediaTek dá detalhes sobre projeto em parceria com TV Globo

Tecnologia vai garantir melhor qualidade de imagem para o consumidor final

Em um mundo cada vez mais tecnológico, a Copa do Mundo 2022 foi responsável por apresentar ao mundo algumas inovações. Da bola Al Rihla, componente essencial do sistema semiautomático de impedimento, ao estádio desmontável feito de contêineres, passando pelo ar-condicionado que cria bolhas de ar para refrescar os torcedores em meio ao calor desértico, foram muitas novidades.

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Uma das principais tecnologias em teste durante o campeonato, entretanto, é quase invisível. Trata-se da codificação versátil de vídeo (Versatile Video Coding – VVC). Quando foi criada, seu principal objetivo era reduzir o gasto com bits enquanto mantinha a qualidade de imagem em relação ao codec anterior.

Para a Copa do Mundo 2022, MediaTek e Rede Globo estabeleceram uma parceria para transmitir o torneio com esse codec. O projeto é uma amostra da TV 3.0, o novo sistema de TV digital brasileiro, que vai ter suporte a 4K e 8K, bem como os padrões HDR10 (High Dynamic Range, ou alto alcance dinâmico, adotado pela maioria das marcas de monitores) e HLG (Hybrid Log Gamma, ou gama de log híbrido, que vai permitir que, no futuro, o HDR seja transmitido pelo ar) para transmissões ao vivo.

Em entrevista exclusiva à Itatiaia, Alfred Chan, vice-presidente da divisão de TV da MediaTek, aponta que o VVC tem diversos benefícios. “Ele economiza de 40% a 45% da largura de banda em comparação com o codec anterior, o H.265”, destaca. “É o codec mais avançado atualmente.”

Chan diz que, em 2023, todos os chips de TV da MediaTek terão suporte a essa tecnologia. Ele aponta que o VVC tem novas ferramentas. “Ele é perfeito para alta resolução. Ou seja, ideal para os atuais televisores mais sofisticados com resoluções de 4K e 8K, que devem se tornar populares logo.”

Além disso, as emissoras vão poder reduzir a taxa de bits em cerca de 40% e usar em outros canais, por exemplo, ou manter essa taxa e melhorar a qualidade da imagem. “Esses 40% são uma redução significativa”, diz Chan. “Então, com a mesma taxa de bits, o VVC oferece uma qualidade melhor de imagem para o consumidor final.”

Imagens de alta qualidade

Com 65% do mercado de chips para TV, a MediaTek tem cerca de 2 bilhões de TVs com seus chips no mundo — 95% dos fabricantes líderes usam o componente da empresa. Por isso, a empresa decidiu testar o VVC o quanto antes. “A ideia é oferecer a melhor qualidade de imagem na TV aberta.” O início da implementação da TV 3.0 no Brasil está previsto para 2024 e o sistema deve chegar a todo o país até 2027.

Como a TV Globo estava interessada em usar a novidade, os dois se uniram nesse projeto. “Aproveitar o VVC para transmitir os jogos diretamente de Doha, no Catar, é uma excelente oportunidade para cooperar.”

Por enquanto, os testes têm apresentado imagens de alta qualidade. A saída da Seleção Brasileira do campeonato não significa o fim dos testes. A mesma tecnologia foi usada na terça-feira (13) e continua em uso até domingo (18), quando será transmitida a final da Copa do Mundo 2022. “Ainda há muito trabalho a fazer. Agora, vamos para a próxima fase do projeto com a Globo”, detalha Chan.

Ele conta que há muitos aspectos em discussão e desenvolvimento pelo grupo. “Um deles é a Codificação de Resolução Dinâmica (Dynamic Resolution Encoding – DRE). Além disso, vamos atuar em conjunto com a TV Globo para fazer a implementação da tecnologia. Vamos aperfeiçoá-la e transformá-la de amostra em serviço completo. A Globo vai se tornar líder mundial no uso de VVC como padrão.”