Quando os resultados da apuração começaram a ser liberados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), às 17h05 deste domingo (30), havia 0,12% das urnas apuradas. Naquele momento, Jair Bolsonaro (PL) tinha 42,77% dos votos válidos e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparecia com 57,23%.
Em seguida, Lula declinou e se manteve atrás de Bolsonaro — que chegou a ter mais de 53% dos votos válidos apurados — por um tempo, mas conforme a apuração foi avançando, Lula foi timidamente agregando mais votos. A virada veio às 18h44, quando Lula passou a ter 50,01%. Depois disso, seu percentual só subiu.
O resultado foi dado como matematicamente definido às 19h56, com 98,81% dos votos apurados, após receber 50,83% dos votos válidos. O presidente eleito falou à imprensa às 20h49. Acompanhado de sua mulher, Janja, de seu vice, Geraldo Alckmin com a mulher, da presidente do PT, Gleisi Hoffman, das senadoras Simone Tebet e Eliziane Gama, e da ex-presidente Dilma Roussef, Lula estava visivelmente emocionado. Fernando Haddad e Marina Silva chegaram logo depois.
O presidente eleito chegou sorridente e inicialmente agradeceu aos companheiros que atuaram de alguma forma na campanha — muitos deles presentes. “Tentaram me enterrar vivo e eu ressuscitei”, destacou Lula. “A maioria do povo brasileiro deixou claro que deseja mais democracia e inclusão social.”
Lula diz que quer trazer de volta a alegria de ser brasileiro. “O verde e o amarelo não pertencem a ninguém, a não ser o povo brasileiro”, reforça. “Viveremos um novo tempo, de paz, amor e esperança.”
O compromisso de acabar com a fome no país foi destacado por Lula. “Nosso compromisso é acabar com a fome outra vez. Temos o dever de garantir que o brasileiro possa tomar café da manhã, almoçar e jantar. Esse será o compromisso número 1 novamente.”
O presidente eleito falou, ainda, sobre economia, relações internacionais, preocupações climáticas e uso de armas. “Não existem dois Brasis, somos um único país”, disse. “Hoje estamos dizendo ao mundo que o Brasil está de volta.”
Incidentes
A votação neste domingo foi tensa em algumas localidades. Em Belo Horizonte, por exemplo, o metrô não cumpriu a determinação de oferecer transporte gratuito à população. Foi preciso recorrer à Justiça para que os eleitores pudessem usar o modal sem custos.
Já no Nordeste, diversas operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) foram denunciadas como tentativa de inibir os eleitores e desencorajá-los de votar. O TSE, por meio de seu presidente, Alexandre de Moraes, interveio e solicitou a interrupção das ações.
O deputado André Janones diz que a estimativa é de que até 1 milhão de eleitores tenham sido impedidos de exercer seu direito ao voto. Moraes, por sua vez, informa que não houve retorno dos ônibus inspecionados à origem e que os cidadãos votaram normalmente. Gleisi reforça que é preciso investigar a ação.