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Bar raiz que funciona há 30 anos na Guaicurus vende 500 kg de maçã de peito por mês

Dono do Guaribas reconhece a importância dos hotéis de prostituição para o sucesso do seu negócio

Guaribas bar tem quase 30 anos de tradição

Comida mineira barata feita na hora, estufa com várias opções e preço acessível ajudam o Guaribas bar a se manter no mercado há quase 30 anos. Localizado na avenida Guaicurus, baixo meretrício do Centro da capital, o ‘bar raiz’ encerra, nesta quinta-feira (25), a série ‘Comida, Boteco e os Segredos de Belo Horizonte’, que mostra as histórias do ‘ Rei da Estufa’, da ‘ Rainha da Sambiquira’ e do tradicional da Guaicurus.

Tropeiro, carne de panela, linguiça, frango empanado e o tradicional fígado com jiló fazem parte do cardápio, preparado com muito cuidado pelo proprietário Célio Ferreira, de 53 anos, e pelos nove funcionários que ele mantém no negócio, aberto em março de 1994. Célio se orgulha de vender quase uma tonelada de carne por mês, dos quais 500 quilos somente de maçã de peito.

“Maçã de peito supera os 500 quilos por mês. Contando frango, fígado e contra-filé, sai mais ou menos uns mil quilos por mês”, diz o dono, que tem na ponta de língua o segredo para se manter no mercado há quase três décadas. “Trabalhar e trabalhar muito. Sempre com dedicação, respeitando o cliente e procurando desenvolver o melhor atendimento e o melhor produto”, disse o dono, que oferece porções a partir de R$ 15.

“Tem o frango empanado frito, que tem quase 30 anos que a gente vende. Todo mundo que vem gosta e sempre volta. Tem umas dez qualidades de cerveja, tem as bebidas quentes, whisky e tem as cachaças. Temos muita coisa pra servir”.

Veja o vídeo:

Prostíbulos e medicina

O Guaribas funciona praticamente em frente ao hotel de prostituição mais procurado no Centro de BH. Célio considera o ponto ‘excelente’ e reconhece que o sobe e desce, como a região é conhecida, tem papel importante para o sucesso do bar, que funciona das 6h às 22h, todos os dias da semana.

“A curiosidade maior está nos hotéis de prostituição. As pessoas vêm conhecer e acabam passando aqui para lanchar, beber uma para ir lá ver as meninas. O ponto é excelente e o hotel é um atrativo a mais. O pessoal vem mesmo”, disse.

É graças ao Guaribas que Célio conseguiu criar e educar os filhos. “Tenho dois. Um de 24 anos e a moça de 21, que está fazendo medicina. Tudo graças ao trabalho aqui”, comemora.

‘É bom demais’

Os clientes aprovam. É o caso do pedreiro Emerson da Silva, de 46 anos, morador de Sete Lagoas, região Central de Minas. “Toda vez que venho (para Belo Horizonte) passo aqui para tomar uma cerveja e comer um tira-gosto. É bom demais. Não tenho nada a queixar, sempre venho aqui, como e fico satisfeito. Prefiro o tropeiro, mas já peguei o fígado com jiló. O preço é acessível e dá pra pagar tranquilo. Preço bom e a qualidade também é boa”, resumiu.

16 anos de casa

Renan Raimundo de Souza, 36 anos, trabalhar no Guaribas desde os 20. Ele garante que tudo é feito na hora. “O que mais sai aqui é o fígado com jiló, sai muito tropeiro também. Contra-filé, pernil, tudo sai na hora. Fazemos pão com linguiça, pão com carne.

‘Sem gourmetização’

Autora de uma tese de doutorado da UFMG sobre a relação de clientes com os bares de BH, Geórgia Caetano de Oliveira, de 46 anos, destaca pontos que ajudam a manter a tradição, como Guaribas.

O que faz manter esses empreendimentos muitos anos no mercado é oferecer gastronomia, a comida e o atendimento com alta qualidade. Quando você tem um tira-gosto feito com elementos tradicionais, de qualidade, a comida preparada com ingredientes locais, sem elementos muito processados, quando você tem um atendimento hospitaleiro e acolhedor, tudo isso cativa o cliente e faz com ele volte diversas vezes naquele lugar”, diz a pesquisadora, que destaca a importância de ter um preço acessível.

"É exatamente por isso que a gente fala que não pode colocar muita gourmetização na comida e no preparo, porque isso encarece. É claro que traz um pouco de qualidade, mas o preço é fundamental para que a pessoa volte várias vezes aquele lugar”, concluiu.

Belo Horizonte tem mais de nove mil bares, 28 a cada quilômetro quadrado (Km²). Qual o seu preferido? A série Boteco e os Segredos de Belo Horizonte está disponível no Itatiaia.com.br, nas redes sociais da rádio.

Ouça a matéria:

Veja o vídeo completo no Youtube:

Produção e texto: Rômulo Ávila/ Fotos e vídeo: Naice Dias/ Edição de áudio: Aline Campolina/ Sonorização: Leonardo Martiniano.

Confira as outras matérias da série especial:

Jornalista formado pela Newton Paiva. É repórter da rádio Itatiaia desde 2013, com atuação em todas editorias. Atualmente, está na editoria de cidades.