Reitores de universidades federais vão tentar reverter, junto à equipe de transição do governo Lula, o terceiro bloqueio de recursos só neste ano anunciado pelo governo federal. Os dirigentes afirmam que a medida vai aprofundar ainda mais a crise enfrentada pelas instituições.
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O bloqueio deve comprometer o pagamento de despesas básicas, como contas de água e luz, e também o salário de funcionários terceirizados. Confira;
ZONA DA MATA E CAMPO DAS VERTENTES
São João Del Rei
O novo corte pode comprometer os serviços oferecidos pelas instituições na Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ). Esse corte significa R$1,7 mi a menos no orçamento da instituição, de acordo com cálculos preliminares.
Conforme a UFSJ, somados aos cortes anunciados em junho deste ano, a perda orçamentária acumulada em 2022 só aumenta - afetando diretamente as despesas relacionadas às atividades básicas para o funcionamento da Universidade.
Juiz de Fora
A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) ainda não informou um valor correto, mas ressaltou que avalia o valor e os impactos do montante. Na ocasião, segundo a UFJF, todas as contas de disponibilidade orçamentária foram zeradas - impedindo que a instituição fizesse qualquer movimentação financeira caso não haja reversão dessa medida.
A universidade ressaltou que pode entrar em colapso ainda no mês de dezembro, inclusive, com a ameaça de não funcionamento de alguns setores da instituição.
Viçosa
A Universidade Federal de Viçosa (UFV) informou que ainda não tem uma definição precisa do valor que vai ter contingenciado, porém destacou que a nova retirada de recursos pode representar a supressão das atividades acadêmicas e administrativas.
REGIÃO DOS INCONFIDENTES
Ouro Preto
Um cenário dramático também se desenha na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Nos próximos dias, mediante o bloqueio de R$7 milhões, a instituição não terá como cumprir o cronograma dos processos licitatórios para aquisição de bens e serviços - envolvendo aquisição de móveis, equipamentos de laboratórios, equipamentos de TI, insumos para oferta de disciplinas e manutenção predial.
A instituição vem operando com o orçamento insuficiente em relação às necessidades da comunidade.
O ano de 2023 será ainda mais desafiador. A UFOP vai iniciar o ano com uma Projeção de Déficit de 18 milhões para custeio, o que pode comprometer e até mesmo inviabilizar o funcionamento.
No Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), o bloqueio da ordem de R$4 milhões irá impactar sobretudo em obras e outros investimentos previstos em 2022. O IFMG já sofreu um corte de R$5 milhões - totalizando R$9 milhões indisponíveis à instituição de imediatos impactos serão no impedimento.
De imediato, os impactos serão na construção de um ginásio poliesportivo no Campus Arcos, reforma no Campus Ponte Nova, serviços continuados nos campi Bambuí, São João Evangelista e Ouro Preto.
SUL DE MINAS
Lavras
Na UFLA, o novo bloqueio de verbas é de R$3,2 mi. Segundo a instituição, o bloqueio representa a impossibilidade da universidade de realizar qualquer novo empenho para pagamento de despesas: não é possível pagar energia elétrica, comprar material para aulas e realizar manutenção de veículos ou viagens para aulas de campos.
A universidade precisa de R$ 5 mi por mês para funcionar e já havia um déficit previsto de R$1,5 mi gerado pelo corte anterior.
Itajubá
A Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) de Itajubá informou que está avaliando os impactos do novo bloqueio de recursos. A direção afirma estar preocupada, mas busca mais informações junto ao Ministério da Educação e espera poder dar mais detalhes nos próximos dias.
Alfenas
O governo federal bloqueou quase R$6 milhões da universidade Federal de Alfenas (Unifal) e colocou em risco o pagamento de trabalhadores terceirizados, contas de água, luz e telefone, obras e assistência estudantil e bolsas. A diretoria lembrou que a instituição já tinha tomado um corte financeiro no meio do ano e outro às vésperas do segundo turno das eleições.
TRIÂNGULO MINEIRO
Uberlândia
A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) lamenta mais um corte e comunica que restaram apenas R$71 de limite de empenho para quitar as despesas da instituição. O anúncio foi publicado após o Governo Federal realizar um novo corte de R$2,7 mi no orçamento discricionário da universidade. Esse orçamento é vinculado às despesas de manutenção como, as contas de energia e a água, telefônica prestação de serviço de limpeza, jardinagem e segurança.
Em nota, a reitoria da UFU sinaliza que já era muito difícil e chegou ao limite do insustentável. Ainda disse que a UFU perde totalmente a capacidade de saldar os compromissos financeiros assumidos, de acordo com o orçamento aprovado na lei orçamentária anual de 2022.
NORTE DE MINAS
Montes Claros
O Instituto Federal do Norte de Minas (IFNMG), em Montes Claros, também ficou apreensiva após o anúncio do novo bloqueio. De acordo com a pró-reitoria, esse é o terceiro impacto no orçamento apenas em 2022. Há um mês do final do ano, essa medida impõe um bloqueio de quase R$3 mi.
Devido aos bloqueios anteriores, muitos compromissos tiveram que ser negociados para o fim do ano e agora sem o repasse, há um risco alto de instituição não conseguir honrá-los. O prazo é até 9 de dezembro. Se não forem quitados, há uma grande possibilidade de despesas essenciais não serem garantidas.
A reitoria informou ainda que esses bloqueios além de gerar insegurança e preocupação causam prejuízos à sociedade.