O biólogo e pesquisador do Labomar da Universidade Federal do Ceará (UFC), Marcelo Soares, faz um alerta após um peixe-leão (Pterois volitans) ser visto na costa marítima brasileira. “Quem já colocou ele num aquário, por exemplo… Às vezes ele come todos os outros peixes que estão no aquário.”
A cena insólita ilustra a voracidade do peixe-leão (Pterois volitans), uma espécie invasora do Indo-Pacífico que chegou recentemente à costa brasileira e que, em pouco tempo, pode se espalhar por todo o litoral do país, conforme informações da BBC News.
O biólogo avalia que em menos de dois anos, a espécie pode tomar toda a costa brasileira e chegar ao Uruguai, causando prejuízos à pesca e ao turismo. No Caribe, a passagem do animal é associada à redução de 80% da população de peixes que habitam recifes de corais em algumas regiões.
Sem predadores
O peixe-leão não tem predadores naturais no Atlântico, além de ser um caçador persistente e ávido. Ele se adapta a diversos tipos de ambientes e as fêmeas podem colocar até dois milhões de ovos por ano.
A “juba” em volta do corpo é formada por uma série de espinhos venenosos que não são letais aos humanos, mas podem causar ferimentos sérios.
Chegada ao Brasil
O biólogo acredita que a chegada da espécie em águas brasileiras não foi uma tarefa fácil. Isso porque, a foz do rio Amazonas - ou a pluma do Amazonas-Orinoco, - é uma enorme barreira natural que dificulta o trânsito de animais de um lado para o outro. São bilhões de litros de sedimento despejados no oceano a cada minuto - e esse material não se dissolve imediatamente na água salgada, ele se espalha por quilômetros mar adentro e por metros de profundidade, detalha a BBC.
A hipótese é que o peixe-leão tenha usado recifes que existem na região da pluma do Amazonas como base para atravessar de um lado para o outro, diz Soares, chegando no Amapá e no Pará. Os cientistas acreditam que isso tenha acontecido por volta de 2017 e 2018.
Desde então, o peixe chegou ao Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte. No Ceará, Soares e os colegas do Labomar observaram os primeiros animais em março de 2022.