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Tarifas de Trump podem impactar PIB do Brasil em até R$ 175 bilhões, diz FIEMG

O levantamento ainda indica que o poder de consumo das famílias pode ser afetado negativamente entre 0,67% e 3,82%

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos.

Um estudo feito pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) apontou que a imposição da tarifa de 50% pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil pode gerar, a curto prazo, um impacto negativo no Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 47 bilhões, podendo o valor mais que triplicar a longo prazo e chegar a R$ 175 bilhões.

O levantamento ainda indica que o poder de consumo das famílias pode ser afetado negativamente entre 0,67% e 3,82%.

Em todo o Brasil, até 538 mil postos de trabalho formais e informais podem ser perdidos. A FIEMG aponta que esse número pode ultrapassar 1,3 milhão a longo prazo.

Tarifas da Casa Branca

As tarifas foram anunciadas pela Casa Branca no dia 9 de julho, por meio de uma carta assinada por Trump e endereçada ao presidente Lula (PT).

Como justificativa para as tarifas, o republicano citou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu em uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) que apura o envolvimento dele e de aliados em uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022, após a derrota nas eleições.

Além de insinuar, sem apresentar provas, que o Brasil realiza uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro, Trump afirmou que o relacionamento comercial entre os dois países não era “recíproco” e que a relação era “injusta”.

Por favor, entenda que os 50% são muito menos do que seria necessário para termos igualdade de condições em nosso comércio com seu país [Brasil]. É necessário ter isso para corrigir as graves injustiças do sistema atual”.
— escreveu o presidente dos EUA.

Trump ainda ameaçou aumentar as tarifas caso houvesse alguma retaliação por parte do governo brasileiro.

A pesquisa da FIEMG, no entanto, mostra que, ao longo da última década, a balança comercial entre Brasil e Estados Unidos foi marcada por “crescimento nas trocas comerciais, mas com persistente déficit” para o governo brasileiro.

As exportações brasileiras para os EUA aumentaram de US$ 24 bilhões, em 2015, para US$ 40,4 bilhões em 2024. Apesar do crescimento, a FIEMG explica que o Brasil manteve saldos comerciais negativos em todos os anos observados pela pesquisa.

O maior déficit teria ocorrido em 2022, de US$ 13,9 bilhões, impulsionado por um salto nas importações. “Esses dados indicam que o argumento de um mercado bilateral desfavorável aos EUA não se sustenta do ponto de vista econômico”, diz trecho do levantamento.

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A suposta vantagem comercial também já foi desmentida pelo governo federal. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) classificou as medidas de Trump como “absolutamente inadequadas”, e Lula considerou as tarifas uma “chantagem inaceitável”.

O governo brasileiro já anunciou que pretende negociar com os Estados Unidos, mas que não abrirá mão de manter a independência dos Poderes, incluindo o Judiciário. O presidente Donald Trump, no entanto, afirmou publicamente que irá conversar com Lula, mas “não neste momento”.

Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.