Falar de
Entre barreiras de tempo, interesse e estrutura, os dois especialistas defendem uma mudança de olhar: mais do que performance, importa criar experiências em que ninguém se sinta excluído ao cruzar a porta do vestiário.
Tempo, estrutura e desejo de participar
Leonardo parte de um diagnóstico objetivo dos obstáculos. Segundo ele, “garantir acesso igualitário às atividades esportivas na empresa envolve superar barreiras de tempo, interesse e estrutura”. Ao colocar o tempo na mesma frase que o interesse, o analista de Lazer e Esportes chama atenção para o óbvio nem sempre reconhecido: não basta querer movimentar-se se a empresa organiza a rotina de modo a inviabilizar esse desejo.
Amparado por especialistas em promoção da saúde, Leonardo lembra que “a falta de horários flexíveis é o principal obstáculo, por isso é essencial oferecer diferentes dias e turnos de prática”. Em outras palavras, determinar um único horário fixo no meio da tarde para a prática esportiva, seleciona, silenciosamente, quem pode ou não participar.
Ao mesmo tempo, ele ressalta que o desenho das atividades também precisa dialogar com a pluralidade de perfis da força de trabalho, “também é necessário disponibilizar diversas modalidades, já que a adesão aumenta quando o colaborador encontra uma atividade alinhada ao seu interesse”.
Adaptações que nivelam o ponto de partida
Se Leonardo enfatiza as condições externas de acesso, Alex Silvério volta o olhar para o desenho interno das experiências esportivas. Ele sintetiza essa preocupação ao afirmar que “adaptações simples podem ampliar muito a inclusão de pessoas com diferentes níveis de habilidade física ou com deficiência”. Ao falar em simplicidade, o coordenador de Lazer e Esportes desconstrói a ideia de que incluir exige sempre grandes reformas; muitas vezes, trata-se de ajustar regras, ritmos e materiais.
Alex destaca, por exemplo, o potencial das propostas inéditas no ambiente corporativo e observa que “as atividades novas ou pouco familiares reduzem desigualdades de desempenho, pois todos iniciam em condições semelhantes”. Em vez de reforçar a distância entre quem já domina uma modalidade e quem nunca a experimentou, a empresa pode propor um jogo em que todos sejam, ao mesmo tempo, iniciantes.
Na mesma linha, ele argumenta que “oferecer variações na intensidade, regras e materiais, aumenta a participação de pessoas com limitações motoras ou sensoriais”, deslocando o foco da exigência física para a construção coletiva de um espaço seguro de experimentação.
Esportes paralímpicos e mudança de cultura
Ao discutir a dimensão simbólica da inclusão, Alex amplia o repertório das empresas para além dos esportes tradicionais. Ele defende que “vivências adaptadas das modalidades tradicionais e a introdução de esportes paralímpicos no ambiente corporativo também promovem inclusão e compreensão”. Nesse cenário, a prática não serve apenas para que pessoas com deficiência encontrem um lugar; ela também educa quem antes nunca havia pensado sobre outras formas de jogar, mover-se e competir.
Na avaliação de Alex, esse tipo de experiência tem efeito direto sobre a cultura organizacional ao “ampliar o respeito pela diversidade”. Quando colaboradores experimentam, por exemplo, uma modalidade paralímpica, a atividade física deixa de ser sinônimo de desempenho padronizado e passa a ser um idioma comum em que diferentes corpos podem se expressar. A inclusão, aqui, não é apenas operacional, mas também simbólica: ela redesenha o que a empresa entende por participação e pertencimento.
Práticas inclusivas que funcionam
Ao falar de resultados concretos, Leonardo recorre a experiências já testadas em ambientes de trabalho. Ele destaca que “programas que utilizam atividades cooperativas e adaptadas, como circuitos funcionais com diferentes níveis de dificuldade, aumentam a participação e reduzem a sensação de incapacidade entre colaboradores”.
A lógica é clara: quando a atividade é construída em degraus, cada pessoa encontra um ponto de entrada possível, sem se sentir exposta por não acompanhar o ritmo dos demais.
Na mesma direção, Leonardo menciona “oficinas de atividades de baixa barreira, como caminhada guiada ou jogos recreativos modificados, que tendem a engajar trabalhadores de diferentes idades e condições físicas, reforçando o clima organizacional e a inclusão”.
Ao privilegiar propostas de fácil acesso, essas iniciativas diminuem o medo de “passar vergonha” e transformam o convite ao movimento em um gesto de acolhimento. Em vez de selecionar os mais aptos, a empresa que adota esse modelo escolhe, deliberadamente, caminhar ao passo de quem precisa de mais tempo.
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