Em processos industriais contínuos como os de refinarias, indústrias químicas, papel e celulose ou tratamento de água, a produção ocorre sem interrupções. Nesses sistemas, qualquer variação de temperatura, pressão ou vazão pode comprometer a qualidade do produto e a segurança da operação.
Segundo Gabriel Silva Maganha, instrutor de formação profissional do Senai-MG, é justamente por isso que esse tipo de processo exige controle automatizado e de alta precisão.
“Uma pequena variação em um processo contínuo, multiplicada pelo volume total de produção, pode gerar grandes perdas. O controle automatizado garante estabilidade e repetibilidade que seriam impossíveis de alcançar manualmente”, explica o instrutor à Itatiaia.
Como funciona o controle PID
O controle PID (Proporcional, Integral e Derivativo) é amplamente utilizado na indústria para otimizar processos e corrigir variações automaticamente. Gabriel Maganha compara o sistema ao funcionamento de um drone: “O drone mantém o equilíbrio ajustando continuamente a velocidade dos motores. O PID faz algo parecido, ele reage a desvios e busca manter a variável de controle o mais próxima possível do valor desejado”.
O instrutor explica que o PID combina três ações complementares:
- Proporcional (P): reage à diferença atual entre o valor medido e o desejado;
- Integral (I): avalia o comportamento passado, verificando se o processo está se aproximando ou se afastando do ponto de ajuste;
- Derivativo (D): prevê tendências futuras e corrige antecipadamente possíveis variações.
Quando bem ajustado, o PID conduz o processo ao ponto ideal rapidamente e mantém a variável estável, mesmo diante de distúrbios externos. Essa capacidade explica por que ele é considerado um padrão mundial de controle em variáveis como temperatura, pressão, vazão e pH.
Benefícios técnicos e econômicos
De acordo com Maganha, os ganhos para as empresas que investem em sistemas de controle com PID e instrumentação moderna são tanto técnicos quanto econômicos.
No campo técnico, há melhoria na estabilidade do processo e maior consistência na qualidade do produto final. Já do ponto de vista econômico, a automação contribui para redução de desperdícios, menor consumo de energia e diminuição de retrabalhos.
“Tenho casos aqui na região em que a simples implementação de controle PID adequado reduziu perdas em mais de 15%”, relata o instrutor.
Além disso, a instrumentação inteligente, como transmissores que realizam autodiagnóstico e permitem configuração remota, amplia a confiabilidade das operações e reduz o tempo de parada para manutenção.
Calibração: a base da confiabilidade
O desempenho de qualquer sistema automatizado depende da precisão dos instrumentos que fornecem os dados. “Um controle PID é tão bom quanto a qualidade das medições que o alimentam. Se o sensor estiver descalibrado, o controlador tomará decisões erradas”, alerta Maganha.
A calibração periódica garante que sensores e transmissores forneçam informações corretas. Já o monitoramento contínuo ajuda a detectar ruídos ou desvios antes que causem falhas mais graves. Segundo o instrutor, isso evita desperdícios e reforça a confiança dos operadores no sistema.
“É muito mais barato calibrar um instrumento do que lidar com paradas não programadas ou produtos fora da especificação”, reforça.
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