Automação industrial: entenda por que engajamento humano é essencial para acertar

Pesquisa mostra que 62% dos trabalhadores no Brasil estão desmotivados; líder deve conectar circuitos de comando ao propósito das equipes para ganhar eficiência

Pequena indústria pode evitar desperdícios de matéria-prima com linhas automatizadas

Para o pequeno e médio industrial, o circuito de comando deixou de ser apenas um emaranhado de cabos e contatores para se tornar o sistema nervoso da competitividade. No mercado brasileiro onde 14 de 24 setores industriais enfrentam defasagem tecnológica severa, entender como esses circuitos ditam o ritmo de linhas automatizadas é o primeiro passo para reduzir desperdícios e garantir a escala.

A transição para a chamada Indústria X já se impõe como uma condição de sobrevivência para quem deseja transformar dados em lucro real no chão de fábrica. Dados apresentados no Encontro Nacional de Automação (ENA 22) pelo professor e palestrante Carlos Boechat, diretor de engenharia e tecnologia da Vale e ex-diretor associado da Accenture, apontam que esses setores defasados respondem por quase um terço do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

O cenário evidencia que a maturidade digital média da indústria brasileira, estagnada em 39%, precisa de um salto qualitativo para não perder fôlego no cenário global.

Por que o pequeno e médio industrial deve se importar?

Para quem gera operações de menor escala, o interesse por circuitos de comando e linhas automatizadas responde a uma questão de sustentabilidade financeira.

Automatizar processos permite:

  • Redução de desperdícios: sistemas precisos garantem o uso otimizado de matéria-prima e energia.
  • Consistência na qualidade: a automação mitiga a variabilidade, reduzindo taxas de rejeição e aumentando a satisfação do cliente.
  • Aumento do OEE: o índice de eficiência global cresce quando circuitos de comando são integrados a sensores que preveem falhas antes da parada da linha.
  • Segurança e produtividade: o uso de tecnologia protege o trabalhador e eleva a produção por hora trabalhada.

Dominar esses conceitos é o primeiro degrau para que uma linha de produção ganhe a agilidade necessária para competir com grandes players.

O renascimento das linhas automatizadas

A automação evoluiu de um conceito estático para um ecossistema dinâmico. Os dados apresentados no ENA apontam que a adoção eficiente de novas tecnologias é a prioridade número um para 64% dos executivos na América do Sul.

A evolução das linhas agora passa por pilares fundamentais:

  • Convergência IT/OT: a integração entre sistemas de gestão (ERP) e as máquinas do chão de fábrica (Shop Floor).
  • Inteligência de ativos: torres de controle permitem monitorar e resolver problemas remotamente, impulsionando a otimização por meio de dados.
  • Robótica avançada: o uso de robôs colaborativos (Cobots) e veículos autônomos (AMRs) otimiza a intralogística
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O desafio de sair do papel

Um dos maiores obstáculos enfrentados hoje é a chamada “paralisia do piloto”. Muitas indústrias ficam presas em testes isolados e encontram dificuldades para aplicar essas melhorias em toda a fábrica. Hoje, menos de 40% das indústrias brasileiras conseguem levar suas inovações para além da fase de testes. Para Boechat, o foco não deve ser apenas comprar a tecnologia mais moderna, mas sim entender o valor real que ela trará para o caixa da empresa e para a produtividade da equipe.

O fator humano: máquinas não trabalham sozinhas

Embora os circuitos de comando controlem o ritmo das máquinas, o sucesso de qualquer automação depende das pessoas. No Brasil, vivemos um cenário curioso: o trabalhador é esforçado, mas muitas vezes está desmotivado. Um dado da Accenture acende o alerta: 62% dos profissionais brasileiros cumprem o horário, mas não se sentem envolvidos o suficiente para sugerir melhorias ou inovar. Eles “estão” no trabalho, mas não estão “pelo” trabalho.

Para o dono da indústria, o recado é direto: não basta trocar a fiação e instalar sensores se a equipe não entender como a tecnologia facilita o dia a dia deles. O papel do líder é mostrar que a modernização não serve para substituir pessoas, mas para livrá-las de tarefas repetitivas e perigosas.

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Amanda Alves é graduada, especialista e mestre em artes visuais pela UEMG e atua como consultora na área. Atualmente, cursa Jornalismo e escreve sobre Cultura e Indústria no portal da Itatiaia. Apaixonada por cultura pop, fotografia e cinema, Amanda é mãe do Joaquim.

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