A chuva que voltou a dar as caras em Belo Horizonte nesta sexta-feira (29) fez os paralamas dos carros trabalharem. Por coincidência (e com o perdão do trocadilho), a noite de sexta também foi marcada pelo show da banda Os Paralamas do Sucesso, que trouxe para o palco do BeFly Hall a turnê que celebra os 40 anos de clássicos do grupo. O segundo show, marcado para sábado (30), já está esgotado.
Fazendo jus a turnê, os Paralamas abriram o show com seus dois primeiros sucessos: “Vital e Sua Moto” e “Cinema Mudo”, presentes no primeiro álbum da banda (Cinema Mudo). Na terceira música, “Bora Bora”, um momento inusitado: Herbert Vianna, BI Ribeiro e João Barone se “embananaram” na introdução. O vocalista usou a criatividade na hora de justificar: “a ansiedade e a emoção de ficar de frente a uma energia tão boa quanto a vocês fez a gente se atrapalhar no reggae”.
A partir daí, a ordem cronológica foi abandonada e o trio liderado por Herbert Vianna passou a desfilar as canções que marcaram os últimos 40 anos (e que todo mundo sabe, pelo menos, assobiar). Além das canções autorais, maioria daquelas gravadas pela banda, os Paralamas também tocaram regravações que ganharam novo sucesso com a banda, como Trac-Trac (do argentino Fito Paez) e Lourinha Bombril (versão de Párate y Mira, do Los Pericos. “Polícia”, dos Titãs, foi tocada num medley com “Selvagem”, enquanto Tim Maia foi relembrado com o medley que uniu “Gostava Tanto de Você" e “Você" (regravada pela própria banda em 1985).
Ao contrário das turnês pós-2016, em que a banda aproveitou para divulgar o último álbum de inéditas (Sinais do Sim), os Paralamas evitaram “canções novas” nesta turnê. A mais recente a aparecer no setlist foi lançada em 2002 e já se tornou clássica: “Cuide Bem do Seu Amor”.
Não dá pra negar o fato de que a potência vocal de Herbert Vianna já não é a mesma de quando tinha 20 e poucos anos. A voz falha, arranha, sofre para chegar em alguns tons. Mas a gente nem percebe: primeiro porque, mesmo na juventude, o vocalista do Paralamas nunca teve uma voz invejável como a de Renato Russo e outros pares dos anos 1980; segundo porque o público presente saiu de casa para matar a saudade dos bons e velhos tempos com total consciência de que o tempo passa para todo mundo, até mesmo para os nossos ídolos.
