“Sem Despedidas” é o mais recente romance de Han Kang, e o primeiro lançado no Brasil desde que a
Em um vídeo apresentando a obra, Han Kang explica que “Sem Despedidas” pode ser um livro sobre “um amor imenso”. Também pode ser “uma vela acesa nos abismos do mar da natureza humana”. Ou, ainda, “a história do massacre de Jeju”.
No livro, Kyung-Ha é uma escritora às voltas com traumas e pesadelos que recebe um pedido de ajuda da amiga Inseon, que sofreu um acidente doméstico: ir até sua casa, na ilha de Jeju, em meio a uma nevasca, para alimentar um pássaro.
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Como é baseado na memória da protagonista - e toda memória é incompleta -, a história deixa propositalmente algumas pontas soltas. Assim, não sabemos o que aconteceu com Kyung-Ha antes dos delírios solitários, mas temos acesso a parte desta dor. “Certas pessoas, quando partem, pegam a faca mais afiada que possuem para cortar a parte mais sensível do outro, e elas sabem exatamente qual é, pois eram próximas”, avisa, no início do romance.
Testemunhos
“Sem Despedidas” mescla sonhos e delírios para contar a história de uma amizade e do massacre de Jeju, nos anos 1940, antes da separação das Coreias. Na época, uma reação do governo a grupos de esquerda provocou o assassinato de pelo menos 30 mil moradores da ilha, hoje um destino turístico na Coreia do Sul.
É a partir de jornais, documentos e testemunhos recolhidos pela mãe de Inseon, que sobreviveu ao massacre, que o leitor é apresentado ao horror dos fuzilamentos provocados pelo exército coreano.
No delírio da protagonista, troncos de árvores simulam movimentos humanos; a travessia durante uma nevasca expõe a fragilidade do corpo; e testemunhos de sobreviventes espalham vestígios potentes do que se tentou esconder. “Não desapareça ainda”, arrisca a amiga durante um delírio.