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Morre Alysson Paolinelli, pai da agricultura brasileira

Em meio século, vivendo a agronomia com toda intensidade, Paolinelli fez o agro brasileiro um dos maiores do mundo

Morre Alysson Paolinelli, pai da agricultura brasileira

Pois é!

O Brasil perde o pai de sua agricultura. Faleceu hoje no Hospital Madre Tereza, em Belo Horizonte, o ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli aos 87 anos que seriam completados no dia 10 julho, data que também se comemora o aniversário de Bambui, onde nasceu Alysson Paolinelli em 1936.

O velório será no Palácio da Liberdade, sede histórica do governo mineiro, a partir de 15h desta quinta-feira (29). O enterro será na sexta (30), às 11h, no Parque da Colina, em Belo Horizonte.

Paolinelli se formou em agronomia na ESAL, hoje Universidade Federal de Lavras, onde foi diretor por cinco anos. Em 74, assumiu a Secretaria de Agricultura de Minas Gerais e ao começar a implantação de uma plano moderno de produção de alimentos no estado foi convidado pelo então presidente Ernesto Geisel para assumir o Ministério da Agricultura, sendo o chefe da pasta durante 5 anos.

Foi nessa época que Alysson Paolinelli encontrou a EMBRAPA nascendo e de imediato implantou políticas marcantes no setor de Agricultura incluindo o aproveitamento do cerrado no centro-oeste brasileiro, participando ativamente no desenvolvimento do Proálcool.

Deixou o Ministério da Agricultura em 79. Foi presidente da Confederação Nacional da Agricultura; eleito deputado federal por Minas Gerais participou da Assembleia Nacional Constituinte em 87 e 88.

Foi o chefe da Delegação Brasileira na Conferência Mundial de Alimentos, na FAO, presidente da Associação Brasileira Agrícola Superior.

Em 2006, Alysson Paolinelli recebeu o prêmio World Food Prize, que condecora personalidades que contribuem para o aumento da qualidade e quantidade de alimentos no mundo.

Ano passado Paolinelli foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz pela dedicação a agricultura tropical, segurança alimentar e sustentabilidade na produção de grãos no Brasil, tendo seu nome indicado ao Nobel também em 2023.

Uma certa vez, conversando com o ministro sobre os grandes produtores de alimentos que são Estados Unidos e China, ele me disse:

“Valdir, o Brasil não precisa mais se preocupar com esses países, porque nós também temos espaço e tecnologia, além do clima tropical. Aqui produzimos de 2 a 3 safras por ano, e lá não passa de uma. Nosso grande concorrente no futuro serão os países da África, continente que também tem o clima tropical.”

Última entrevista

A última entrevista de Alysson Paolinelli foi para o Agro da Itatiaia. Eu estive em sua casa em Lagoa Santa na quarta-feira da Semana Santa, 5 de abril. Foi quando ele me falou que estava a exatos 8 dias de uma cirurgia na cabeça do fêmur.

Realizado o processo cirúrgico, no Hospital Madre Tereza, Paolinelli cumpriu alguns dias de recuperação e voltou à sua casa num condomínio de Lagoa Santa. Houve uma reação negativa à cirurgia e ele retornou ao hospital e dias depois foi novamente liberado.

A sua última entrada no Madre Tereza foi há 20 dias e sua morte foi por falência múltipla de órgãos.

Vamos ouvir parte da última entrevista de Alysson Paolinelli, exclusiva da Itatiaia, falando sobre agricultura sustentável:

O velório de Alysson será no Palácio da Liberdade.

Produtor rural no município de Bambuí, em Minas Gerais, foi repórter esportivo por 18 anos na Itatiaia e, por 17 anos, atuou como Diretor de Comunicação e Gerente de Futebol no Cruzeiro Esporte Clube. Escreve diariamente sobre agronegócio e economia no campo.