Quem nunca sentiu vontade de jogar a cadeira em alguém? Talvez não literalmente, mas todos já experimentamos momentos de raiva no dia a dia. Essa emoção, muitas vezes subestimada ou reprimida, está presente nos ambientes mais diversos, inclusive nos corporativos.
Em setembro de 2024, uma cena emblemática chamou atenção em um debate eleitoral: um candidato, tomado pela raiva, arremessou uma cadeira no outro. Em outra ocasião, no Oscar de 2022, um tapa entre celebridades chocou o mundo. Esses episódios mostram o quanto o impulso pode tomar o lugar do diálogo e nos fazem refletir: como lidamos com nossas emoções, especialmente em ambientes que exigem profissionalismo, colaboração e equilíbrio?
No mundo corporativo, a raiva pode se manifestar de forma velada: silêncios tensos, sarcasmo, reuniões atravessadas por olhares ou palavras ríspidas, e-mails escritos com agressividade disfarçada de objetividade. Ainda assim, ela está lá, pulsando, aguardando ser reconhecida e compreendida.
Marshall Rosenberg, criador da Comunicação Não Violenta, ensina que a raiva não deve ser negada; ela é um sinal legítimo de que alguma necessidade foi ignorada ou violada. O ponto central está em como escolhemos lidar com ela.
Ao invés de culpar o outro, impor nossa vontade ou se calar engolindo o que incomoda, Rosenberg propõe um caminho mais maduro e eficaz: identificar o que realmente nos afetou. O que aquela situação despertou? Que necessidade minha não foi atendida?
Vamos a um exemplo simples: alguém interrompe você repetidamente durante uma reunião. A raiva surge. Mas o que está por trás dela? A necessidade de respeito? De escuta? De reconhecimento? Quando nos conectamos com a raiz do incômodo, conseguimos transformar reatividade em responsabilidade emocional — e isso muda tudo.
Essa inteligência emocional não é um luxo, mas uma competência essencial para líderes, gestores, equipes e organizações que desejam promover ambientes mais humanos, produtivos e saudáveis. Lidar com a raiva é, antes de tudo, um convite ao autoconhecimento e à construção de relações mais autênticas e sustentáveis.
O primeiro passo é observar:
– Quais são os gatilhos que costumam me desestabilizar?
– Que sinais meu corpo emite quando começo a me irritar?
– O que posso fazer para não agir por impulso e, ainda assim, não me omitir?
Respirar, sair de cena por alguns minutos, esperar o momento certo para conversar e se posicionar… nada disso é passividade. É estratégia emocional. É inteligência aplicada ao convívio.
Em um mundo corporativo cada vez mais marcado por diversidade, pressão e desafios constantes, liderar bem também é saber reconhecer e acolher a complexidade das emoções humanas.