Quando eu era criança sempre acontecia algo que me indignava. Nunca dispensei “disputas”. Ficava muito bravo nos momentos em que vinha alguém intervir nas minhas brigas com a frase que eu detestava: “os dois estão errados”. Eu pensava, mas como assim? O que eu podia ter feito? O que se esperava: que eu não reagisse? Onde estavam os responsáveis quando começaram os insultos?
Com o passar do tempo, fui entendendo. Numa disputa que leva “a vias de fato”, há muitas razões, mas os dois lados perdem a “razão”. Fico, contudo, nestes tempos, com a impressão de que o mundo está vivendo “conflitos de criança”. Homens velhos, vícios de menino. Penso nisso, sobretudo, analisando a Guerra na Palestina.
Estamos diante de mais uma manifestação da barbárie e da infantilidade humanas. E quem já leu um pouquinho de Bíblia, sabe que a origem desse conflito remonta à época das Escrituras. Ambos, Judaísmo e Islamismo, em sua origem sanguínea, territorial, religiosa se reportam a Abraão. Esse é pai de Isaac e de Ismael (Gn 16.21). Do primeiro descendem os Hebreus, do segundo, os Islâmicos...
Em pensar que tudo isso, de alguma forma, é “culpa” da Matriarca Sara (hahahaha). Se não ela tivesse implicado com Agar (Gn 21,10), Isaac e Ismael teriam sido criados juntos. Talvez tivessem tido menos motivos para Guerra...Se bem que, na Bíblia, o problema sempre começa com os irmãos. Caim matando Abel. Esaú querendo perder o réu primário com Jacó. José jogado no poço pelos irmãos. Absalão perseguindo Salomão... Mas o fato é, se Sara tivesse escutado Madeleine Albright que dizia: “deve haver um lugar reservado no inferno para as mulheres que não se ajudam”, nossa relação com esse povo do lado de lá seria sobre esfirra e kibe e não sobre guerra, mísseis e bombas (hahahahaha)
Estamos vivendo um momento “primitivo” e, no sentido negativo, infantil. E digo isso não só porque essa guerra reporta aos problemas iniciados no útero das matriarcas, mas porque um conflito como esse, entre Israel e Palestina, joga na nossa cara nossos traumas mais “acriançados”.
Situações como essa fazem perceber o quanto questões religiosas podem ser ponto de partida para Guerra. Duas visões diferentes sobre Deus (e ao fim e ao cabo sobre o mesmo Deus) criam um ranço milenar... O volume de informações nas Redes Sociais sobre esse conflito no Médio Oriente impressiona (já se diz de 7 bilhões de menções nas Redes, o que supera um cenário de Copa do mundo!).
Quem observa um pouquinho, percebe que há muito Marketing. O Hamas fazendo questão de exibir suas técnicas, seus trunfos, sua capacidade de sensacionalizar a guerra, deseja, evidentemente, reforçar a tese de que “democracias” como Israel também são capazes de responder com ódio insano, de agir com ações desproporcionais, quando, em seu ponto de vista, os motivos forem “justos”. Tudo isso, é claro, bota a ONU, os valores do Ocidente em cheque.
Qualquer um que se arrisque a tomar um partido, sobretudo, generalizando, adjetivando, tentando dar respostas cabais a questões complexas, passará por idiota...
É muito engraçado ver aqui, no Brasil, gente usando bandeira de Israel. (Geralmente pessoas que dão seta para a destra hahahaha). É curioso, pois não sei se contaram para esse povo, mas Israel não é exatamente o que se pode chamar de " Estado conservador”. Lá se aprova aborto, há mais independência no que diz respeito a “direitos reprodutivos”, reside uma das comunidades LGBTQ+ mais ativas do mundo. E eu realmente não sei se os sionistas são, exatamente, a favor de cristãos (hahahahah).
Além disso, se o argumento de que o Marco Temporal das Terras Indígenas é uma loucura, pois geraria problemas com a “sagrada propriedade privada”, como entender que os Judeus é que têm direito sobre aquele território? Até a Bíblia deixa claro, que o que ela chama de “Entrada na Terra prometida”, é uma ação a do “MST” (hahahaah). Isso dado que, quando Abraão e os Hebreus, chegam para expulsar os donos do “condomínio”, já estavam lá os “Philisteus”, “Philistim”, “Palestinos”...
É muito curioso, que quem converge à sinistra, se tenha descoberto pró Estado Palestino. Não diria que o Hamas seria, assim, um paladino do progresso, dos direitos humanos e da liberdade de expressão... Há uma série de bandeiras levantadas pelos, como dizia Nelson Rodrigues, “intelectuais da festiva”, que dariam pena de morte em muitos países do lado de lá.
Estamos numa crise de narrativas. Já está na hora de a gente encarar o fato de que o advento da Internet não trouxe consigo mais lucidez e democracia, mas, ao contrário, massificação, espetáculo, cabeças degoladas no YouTube.
Pós-verdade? Ou vendo as Redes Sociais, fica claro que o ódio sempre fez e fará parte de nós? Não saberia, dizer...O que arriscaria a pensar é que não há soluções claras e óbvias. É preciso, antes, olhar em volta, ao lado, dentro de nós. Afinal, buscar harmonia dentro de si, no casamento, no setor da empresa, não encher o saco do vizinho é o que há de mais eficiente no caminho da paz para o mundo...
Que o Senhor dê força ao seu povo. Que Senhor abençoe com a paz o seu povo (Sl 29,11)
Shalom, A paz, As-Salamu Alaykum, Wa-Alaikum As-Salam...