Há algum tempo aprendi a diferença entre objetivo, meta e propósito. No momento em que viajo para o Catar, tenho um objetivo – trabalhar numa Copa do Mundo – uma meta, que é me preparar para não fazer feio, mostrando fatos para além do futebol de um país com cultura e hábitos muito diferentes dos nossos, e um propósito: abrir novas fronteiras para colegas jornalistas mais novos. Faz parte da missão de qualquer profissional.
Tenho dois exemplos aqui mesmo na Itatiaia. Quando cheguei, notei que colegas do esporte não se mostravam muito animados quando alguém do jornalismo pedia para participar, durante transmissão de um jogo. Perguntei ao então poderoso chefe, Osvaldo Faria, e ele explicou que a interrupção da narração quebrava o ritmo da jornada. No meu primeiro plantão de domingo, pedi para me chamarem e fiz um flash rápido, do tipo “acidente com vítimas na Avenida Cristiano Machado, motoristas, evitem a via, detalhes quando a bola parar no Mineirão”. E assim, para sempre os repórteres foram bem recebidos para um “teaser” enquanto a bola rola e detalhes ou no intervalo ou ao final do jogo. Depois, fui escalado para trabalhar um domingo à noite e, pouco antes de começar a Grande Resenha Esportiva, Emanoel Carneiro foi à redação para apanhar notícias no teletipo e aproveitei para perguntar se não queria que eu participasse com algumas notícias policiais. Falei naquele dia, por mais 11 anos e nunca mais a última programação esportiva de domingo começou sem, antes, um resumo dos principais fatos extracampo, às vezes com vários repórteres.
Não tenho a menor necessidade de fincar bases para novos mundiais de futebol, mas, ficarei muito orgulhoso se daqui há quatros anos um colega estiver lá, com a turma do Esporte. Na brevidade da vida, participamos de uma grande corrida. Para alguns, em piso firme, sem sobressaltos. Para outros, estrada esburacada, cheia de obstáculos. Sem dúvidas, a mais interessante é a de revezamento, na qual os corredores passam o bastão e, claro, espera-se que o participante sempre o entregue com avanço na competição.
No jornalismo ou qualquer outra profissão, não basta fazer bem feito e ganhar o pão... É preciso ter o sentido de grupo, especialmente na relação com os mais jovens. Repassar conhecimentos, abrir caminhos e, em troca, respirar o oxigênio e os sonhos que carregam.