Estávamos refletindo, no Conversa de Redação da Itatiaia, sobre a má vontade das pessoas em atender agentes que fazem vistorias para controle da dengue, pesquisas para o recenseamento e outras atividades de interesse público. De repente, o Malco Camargos disse algo que resume a falta de compromisso com o que não diz respeito a nosso interesse imediato.
Para o cientista político, só a falta de consciência pode explicar que uma pessoa receba imediatamente a encomenda de lanche e se recuse a falar com um representante da prefeitura ou do governo federal. E é verdade. É só repararmos como cresceram as vendas pela internet, como se multiplicaram as variedades de motociclistas que visitam nossas casas. Depois de alguns episódios de disfarce, certos condomínios já impedem a presença deles, outros são parados pela polícia em blitz estratégica (regiões de muitas entregas).
Mas, no geral, ninguém relata medo de assalto com os motoboys. Pelo menos na redação da Itatiaia.
No enquanto, quando a pessoa quer fazer perguntas do recenseamento ou visitar as dependências do imóvel para conferir se não há risco de proliferação do mosquito causador da dengue, a dificuldade de acesso se manifesta de várias formas. “Estou ocupada”, “tenho pressa”, “agora não posso” e muitas outras respostas evasivas são proferidas sem constrangimento.
O que as pessoas precisam entender é que, num país já carente de pesquisas e planejamento, não há qualquer chance de planejar políticas públicas sem um censo real, que espelhe a realidade do país. Sem falar no repasse de verbas. Como se sabe, parte do Imposto sobre Propriedade Industrial – IPI – arrecadado pelo governo federal, é distribuído aos quase 6 mil municípios brasileiros com base no número de habitantes.
No caso da dengue, se tivéssemos a exata noção do risco que correm nossos filhos com a sujeira em casa, já estaria tudo resolvido. No entanto, um copinho abandonado no gramado, um vaso de planta enxarcado em excesso ou outras formas de acumulação podem resultar em armazenagem de água de forma indevida e criar ambiente propício à proliferação do mosquito. Neste caso, é preciso deixar claro que o risco não é só da família descuidada, mas, de toda a vizinhança, do bairro e até da cidade, pois, sabemos, o Aedes aegypti bate asas e não respeita muro, cerca ou limites de municípios.
Então, vamos colaborar... Ou melhor, não vamos atrapalhar quem trabalha.