A questão estádio voltou a agitar o futebol mineiro neste início de temporada de 2023 com a decisão do Cruzeiro de deixar o Mineirão, historicamente a sua casa, para mandar suas partidas no Independência, estádio que não agrada ao seu torcedor pelo conjunto da obra, mas principalmente pelo papel que tem na trajetória atleticana, não só no passado recente, mas também na primeira Era do Horto, entre 1950 e 1965, quando foi inaugurado o Gigante da Pampulha.
Mas a decisão de onde jogar cabe à gestão de cada clube, que é quem paga a conta e a Raposa terá o Independência como seu campo. Isso acontecerá porque a direção da SAF cruzeirense garante não ser vantajoso do ponto de vista comercial/financeiro se jogar no Mineirão.
Uma análise dos boletins financeiros dos dois clássicos da fase classificatória do Módulo I explica em parte essa posição celeste. É evidente que o Mineirão permite um ganho na quantidade que é impossível alcançar no Horto.
Mas de toda forma, a reflexão vale sim quando se percebe com base nos borderôs de Cruzeiro x Atlético, no Independência, e Atlético x América, na Pampulha, que o percentual da renda bruta que ficou com os mandantes é bem diferente.
Em 13 de fevereiro, o clássico entre atleticanos e cruzeirenses teve 18.384 pagantes no Horto com R$ 831.964,50 de renda bruta e R$ 526.270,75 de arrecadação líquida, o que corresponde a 63% do total.
Atlético e América jogaram no Mineirão em 25 de fevereiro com 31.392 pagantes e arrecadação total de R$ 1.094.630,15. O Galo faturou R$ 507.502,03, o que equivale a 46% da renda bruta.
Claro que abrir o Gigante da Pampulha é uma operação mais cara que utilizar o estádio do Horto. Mas essa conta precisa se aproximar.
Na prática, o Cruzeiro ficou com R$ 28,62 de cada ingresso pago no clássico de 13 de fevereiro. Já o Atlético teve como resultado R$ 16,16 de cada bilhete comprado para o jogo contra o América, em 25 de fevereiro.
É verdade que o tíquete médio de Cruzeiro x Atlético foi de R$ 45,25, contra R$ 34,86 da partida Atlético x América, isso considerando-se apenas os pagantes, mas mesmo assim é uma discussão válida a questão de custo dos estádios, pois quem paga a conta tem que levar em consideração este aspecto.