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Mais de 65% dos usuários do Tinder são comprometidos, aponta estudo

Muitos não procuram relacionamentos e aqueles que o fazem podem se sentir frustrados na plataforma

Muitos usuários do Tinder não buscam relações offline

Não chega a ser novidade, mas um levantamento acadêmico acaba de confirmar que a maioria dos usuários de apps de relacionamento já está comprometida. A partir de questionários respondidos online por 1.387 usuários do Tinder de 18 a 74 anos, o estudo “Encontrando intimidade online: uma análise de preditores de sucesso com aprendizado de máquina” (“Finding Intimacy Online: A Machine Learning Analysis of Predictors of Success”), conduzido por pesquisadores de diferentes universidades, constatou que 65,3% dos participantes são casados ou comprometidos.

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Além disso, apenas 50,3% deles estão interessados em conhecer alguém pessoalmente. Segundo a própria plataforma, 40% dos usuários do Tinder globalmente dizem que buscam uma relação de longo prazo, enquanto 13% querem uma conexão casual. “O Tinder foi baixado mais de 530 milhões de vezes e criou mais de 75 bilhões de correspondências.”

De acordo com o estudo, muitos se mantêm ativos no app mesmo quando não estão buscando encontros pelas mesmas razões que usam redes sociais. Isso porque esses serviços se tornaram fontes de diversão e conexões sociais enquanto garantem aumento de confiança com curtidas e reciprocidade.

Para Germano Vera Cruz, um dos coautores da pesquisa, aqueles que querem conexões reais têm menor chance de ser bem-sucedidos, já que há poucos usuários com o mesmo objetivo na plataforma. “Por isso, alguns se sentem enganados com o uso de aplicativos de namoro”, diz. “Então, vão de plataforma em plataforma e não ficam satisfeitos.”

Os menos contentes com a experiência, entretanto, são os que usam o Tinder para enfrentar dificuldades pessoais, como impulsividade e introversão. “Eles têm a sensação de que gastam muito tempo usando o app para entretenimento ou para se distrair”, aponta Elias Aboujaoude, coautor do estudo e professor de psiquiatria clínica na Universidade de Stanford.

Aboujaoude destaca que os resultados são semelhantes àqueles ouvidos por ele de pacientes no consultório. Muitos dizem que decidiram descartar os apps de relacionamento depois de anos experimentando-os.

Aspecto positivo

Uma pesquisa da Pew Research de 2020 indica que relacionamentos online deixaram muito mais interessados frustrados do que esperançosos. Além disso, os usuários relatam essas decepções online: nas mídias sociais há muitos posts de lamentos sobre experiências com aplicativos de namoro.

Mesmo assim, o estudo aponta algo positivo: quem usa apps de namoro para encontrar alguém tem maior probabilidade de obter satisfação. “Uma grande porcentagem de relacionamentos bem-sucedidos agora começa online”, lembra Aboujaoude. “É preciso, no entanto, abordar os sites de namoro para o que eles foram projetados, que é encontrar parceiros românticos.”