Um robô biomimético — que imita algo da natureza — de quatro patas inspirado na anatomia dos lagartos pode ser utilizado na exploração da superfície de Marte no futuro. Criado por pesquisadores da Faculdade de Engenharia Mecânica e Elétrica da Universidade de Aeronáutica e Astronáutica de Nanjing, na China, o dispositivo tem estrutura flexível e adaptável semelhante a uma coluna vertebral.
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Os cientistas dizem que ele é capaz de replicar com eficiência a maioria dos movimentos e o estilo de locomoção do réptil que vive no deserto. “Pelo fato de a superfície marciana ser composta por solos granulares e rochas de vários tamanhos, os rovers atuais podem ter dificuldades para se locomover. Para superar esses problemas, criamos um robô rastejante quadrúpede”, explica Guangming Chen, coautor do estudo.
Para replicar o movimento rastejante típico dos lagartos, cada uma das quatro pernas apresenta duas dobradiças e uma engrenagem que provoca uma oscilação entre elas. Essas articulações são compostas por dois servos e um mecanismo que permitem que o robô se levante sem perder o equilíbrio.
Além disso, os pés têm quatro dedos flexíveis, duas dobradiças e uma garra. “A estrutura da perna usa um mecanismo com quatro ligações, que garante um movimento de elevação constante. O pé consiste em um tornozelo ativo e uma almofada redonda com quatro dedos flexíveis, eficazes para agarrar solos e rochas”, pontua Chen.
Os pesquisadores criaram modelos cinemáticos para cada componente do robô e os usaram planejar os movimentos do dispositivo. Os primeiros testes usaram simulações com modelos digitais para replicar o movimento dos lagartos com exatidão. Em seguida, os pesquisadores criaram um protótipo com resina impressa em 3D, um servocontrole e uma bateria de lítio.
Antes que ele possa ser testado fora do laboratório, é preciso adicionar uma estrutura de vedação protetora para mantê-lo livre de partículas do solo ou de poeira transportada pelo ar. Outra necessidade é o uso de materiais mais resistentes na construção do corpo do robô.
Segundo Chen, agora a equipe vai desenvolver modelos de aprendizagem de máquina para permitir que o robô adapte seus movimentos a diferentes tipos de terreno. “Além disso, planejamos introduzir um sistema capaz de fornecer alimentação contínua para que ele não precise ser recarregado com frequência.”