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Quem é Luciana Santos, que assume o ministério de Ciência e Tecnologia

Ela já atuou como secretária estadual de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente de Pernambuco

Luciana Santos é primeira mulher e primeira pessoa negra a assumir o ministério de CT&I

Engenheira elétrica formada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Luciana Santos vai ser a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) no terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como Presidente da República. Ela será a primeira mulher e a primeira pessoa negra a ocupar o posto de forma efetiva.

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Sua trajetória política começou como militante estudantil ainda durante a graduação. Em 1992, tornou-se suplente de vereadora em Olinda e, dois anos depois, alcançou a suplência de deputada estadual de Pernambuco.

Em 1996, assumiu a vaga e, durante o mandato, manteve envolvimento direto com movimentos populares. Em 1998, reelegeu-se deputada estadual. Já em 2000, Luciana foi eleita prefeita de Olinda com mais de 107 mil votos. Em 2004, foi reeleita no primeiro turno e obteve cerca de 122 mil votos.

Entre 2009 e 2010, atuou como secretária estadual de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente de Pernambuco, na gestão do governador Eduardo Campos. Deixou o posto para concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados. Por lá, teve dois mandatos consecutivos — de 2011 a 2014 e de 2015 a 2018 — e integrou comissões de Ciência e Tecnologia, de Comunicação e Informática, de Desenvolvimento Urbano e de Cultura.

Em 2018, foi a primeira mulher eleita vice-governadora de Pernambuco, no governo de Paulo Câmara (PSB). Além disso, Luciana é presidente nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) desde 2015 — legenda que aderiu na década de 1980. Ela considera como principal desafio “restaurar a pujança do sistema nacional de ciência e tecnologia” porque ele foi “depredado e descontruído” nos últimos quatro anos.

Luciana diz que, à frente do ministério de CT&I, uma de suas prioridades vai ser o reajuste das bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O valor não muda desde 2013. “Temos como referência o reajuste inflacionário do período, mas são decisões que vão ser colocadas dentro do contexto global do orçamento”, diz.

A Lei nº 13.844, de 2019, prevê que o ministério deve atuar no planejamento, na coordenação, na supervisão e no controle das atividades de ciência, tecnologia e inovação, em áreas como informática e automação, biossegurança, política espacial e nuclear, entre outras. “É uma honra muito grande assumir o Ministério de CT&I! Um trabalho que vou realizar com muito compromisso e com muita disposição. Depois de quatro anos de negacionismo, a Ciência vai voltar a ser prioridade nesse país”, afirma .

Comunidade científica esperançosa

Para Helena Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luciana tem competência para o cargo. “Trabalhei com ela por muitos anos em áreas políticas relacionadas a ciência e tecnologia. Ela foi uma grande parceira”, aponta, em entrevista ao Estadão. “Vamos apoiar no que for preciso, mas não vamos deixar de apontar quando ela cometer erros”, diz.

Helena avalia que o principal desafio da ministra vai ser dialogar com os outros ministérios para demonstrar que ciência e tecnologia é um setor essencial para o desenvolvimento do país. “Ciência, tecnologia e inovação são fundamentais e transversais a todos os ministérios e a única maneira de tirar o Brasil da crise econômica”, destaca.

Na opinião de Patricia Bianca Clissa, presidente da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC), a escolha é uma renovação de esperança. “Luciana Santos nos dá uma esperança de que soprem ventos favoráveis da ciência para atender primeiro às demandas da sociedade e não de setores específicos em que predominam os interesses do capital financeiro”, pondera, em entrevista ao Estadão.

Ela diz que a expectativa é que o novo governo tenha uma política de valorização de pesquisadores e instituições. “[Eles] têm mantido o Brasil como um importante produtor de conhecimento no mundo. E isso somente será possível com a contratação, via concurso público, de novos cientistas, além de uma política salarial que estimule os jovens talentos para a pesquisa e o ensino.”