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Uso prematuro e excessivo de telas pode causar miopia

Estudos indicam que a saúde ocular pode ser afetada pelo uso precoce de dispositivos que necessitam da visão de perto

Especialmente até os 7 anos, contração da musculatura ocular é prejudicial

Miopia, fadiga ocular, visão turva, dores de cabeça ou distúrbios do sono? Eles podem estar relacionados ao aumento do tempo de uso de telas. Isso inclui computador, tablet, smartphone, videogame e televisão — dispositivos muito comuns no dia a dia.

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Estudos recentes apontam que há uma associação entre o tempo de uso de telas e o desenvolvimento de miopia. Nos EUA, por exemplo, os casos da condição mais que dobraram em crianças nos últimos 50 anos. Entre os chineses, há três vezes mais casos de miopia do que em hispânicos.

A condição é hoje considerada epidemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A causa está diretamente ligada ao confinamento provocado pela pandemia de covid-19. Uma projeção do órgão aponta que metade da população mundial será míope em 2050.

Em alguns países, a alta miopia (representada por graus acima de seis) tem aumentado mais que a baixa ou moderada — esse é o caso do Brasil. Os dados da OMS preveem, ainda, que entre 2020 e 2040 o número global de altos míopes deve passar de 399 milhões para 695 milhões. Nesse período, o número de brasileiros com alta miopia pode chegar a 12,2 milhões.

Daniel Kamlot, oftalmologista, aponta que há evidências científicas de que o uso excessivo de telas de celular até os 7 anos aumenta a contração da musculatura do olho. “Isso pode mudar a anatomia desse órgão e produzir uma miopia ou ajudar a aumentar o grau”, alerta.

Kamlot destaca que não há um tipo de tela pior para o agravamento, mas que todos os dispositivos que exigem visão de perto, como celulares, computadores e tablets, levam a maior acomodação da visão. “Olhar para o celular é pior que olhar para a TV. Como o televisor exige visão de longe, a musculatura fica relaxada e não há esse problema.”

Como cuidar da saúde ocular

É preciso ficar atento a alguns sinais para manter os olhos saudáveis. “Todo mundo que usa muito esses dispositivos, deve prestar atenção de se tem ardência, olho vermelho, fotofobia, cansaço ocular deve procurar um oftalmologista”, indica. “Isso pode ser associado a essa acomodação do uso excessivo de telas de perto. Além disso, mesmo sem sinais, a consulta oftalmológica deve ser feita anualmente para detectar eventuais alterações silenciosas.”

Segundo o especialista, a melhor forma para prevenir alterações é exercitar a musculatura ocular. “Depois de usar a visão de perto por um tempo, em média de 1 hora, é preciso parar e olhar para longe — a pelo menos 6 m de distância — para relaxar a musculatura por cerca de 15 minutos para evitar a contração e a acomodação excessiva da visão de perto”, ensina.

Já que a diminuição da constância do uso de telas no dia a dia pode ser inviável, ter um alarme recorrente para esse exercício é uma das medidas efetivas. Para crianças, deve-se definir um tempo máximo de uso de telas e aumentar as atividades ao ar livre.

O oftalmologista recomenda o uso de filtro de luz azul como proteção em telas e óculos. “A luz emitida por esses aparelhos pode ser ruim para a visão a longo prazo”, pontua. “Para quem já tem predisposição genética, ela pode causar degeneração macular ou catarata precoce, entre outros.”

É comum, ainda, que quem fica muito tempo dedicado ao computador ou ao celular, esquece de piscar. “Isso pode causar ressecamento ocular. O uso de colírio lubrificante, desde que indicado por oftalmologista, de acordo com as características do paciente, pode amenizar essa ocorrência.”