Sobrevivente do Holocausto encontra fotos de infância com tecnologia

Blanche Fixler sobreviveu à Segunda Guerra Mundial e encontrou fotos que não sabia que existiam com ajuda de inteligência artificial

Com inteligência artificial, identificados nesta foto passou de três para seis

Uma ferramenta de inteligência artificial criada por Daniel Patt, engenheiro de software do Google, pode ajudar no reconhecimento de retratados em fotografias históricas. Foi essa solução que encontrou Blanche Fixler em uma foto que ela nunca havia visto.

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Blanche é uma das poucas sobreviventes do Holocausto, o assassinato de seis milhões de judeus pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial. Mais de um milhão dos mortos na época, infelizmente, permanecem anônimos.

Aos 86 anos de idade, Blanche mora em Nova York, nos EUA. Ela conhecia a imagem à direita, mas não sabia da existência da foto da esquerda, tirada durante a guerra e reconhecida pela ferramenta. No Museu Memorial do Holocausto dos EUA, o rosto de Blanche (à esquerda) aparecia como não identificado.

Blanche morava na Polônia quando os nazistas foram buscar sua família. Seus pais foram assassinados, mas sua tia a salvou. A foto trouxe memórias à sobrevivente — uma antiga canção francesa que aprendeu quando criança e que há muito estava esquecida em sua mente.

Scott Miller, diretor de curadoria do museu, ressalta que é muito importante identificar essas fotos. “Você restaura algum semblante de dignidade a essas pessoas, algum conforto para sua família e é uma forma de memorial para toda a comunidade judaica.”

Ele ressalta que os seis milhões de judeus mortos são, na verdade, uma pessoa seis milhões de vezes. “Toda pessoa tem um nome, toda pessoa tem um rosto. Não consigo destacar o tamanho da importância dessas fotos das pessoas.”

Pesquisa é gratuita

O site From Numbers to Names (De Números para Nomes), criado por Pratt, utiliza reconhecimento facial para analisar os rostos nas fotos e encontrar, em seu arquivo, fotos que coincidam com eles. Atualmente, o portal tem perto de 500 mil fotografias armazenadas.

Para pesquisá-las, é preciso criar um cadastro gratuito. Quem preferir pesquisar sem cadastro, tem acesso a 34,5 mil fotos com mais de 171,4 mil rostos localizáveis. A coleção fotográfica vem do Museu Memorial do Holocausto dos EUA, do Yad Vashem (o memorial oficial de Israel para lembrar as vítimas judaicas do Holocausto) e de outras fontes online. Em breve, a plataforma deve oferecer a pesquisa em vídeos.

Na foto que ilustra a reportagem, três pessoas foram reconhecidas por Blanche. Antes que ela visse a imagem, apenas três indivíduos tinham sido identificados. Agora, graças a ela, são seis retratados reconhecidos.

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