A Justiça de Minas Gerais negou, nesta terça-feira (30), o registro de parte do nome de uma recém-nascida em Belo Horizonte. A decisão acontece após um
A juíza Daniela Bertolini Rosa Coelho deferiu o nome “Tumi”, mas negou “Mboup”. O argumento foi que a palavra traz dois elementos que geram dúvida: dificuldade fonética e não ser explícito se se trata de nome composto ou sobrenome.
Os pais, o sociólogo Fábio Rodrigo Vicente Tavares e a historiadora Kelly Cristina da Silva, escolheram Tumi Mboup para nomear a filha como traço de expressão da identidade cultural africana.
A bebê nasceu no dia 22 de setembro no Hospital Sofia Feldman, na capital mineira. Até o momento, ela segue sem certidão de nascimento.
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Em entrevista à Itatiaia, a mãe Kelly Cristina da Silva desabafou sobre o sentimento de revolta diante da situação.
“O sentimento é de desgaste total, porque, enquanto mulher preta, a gente, nesse momento de gestação, pensa tanta coisa, como a violência obstétrica, que impacta mais sobre nossos corpos. Tivemos um atendimento tão humanizado no Sofia Feldman, mas, no fim, não conseguimos registrar nossa filha como sonhamos”, disse a historiadora.
Ela ressaltou que a escolha do nome foi feita com propósito simbólico. “Queríamos ressignificar nossa história, dar voz ao nosso povo que foi silenciado pelo colonialismo e pelo racismo. Mas nos deparamos com leis rasas, aplicadas de forma fria, que parecem não contemplar a todos”.
Enquanto a menina não é registrada, não pode fazer procedimentos básicos de saúde, como teste do pezinho ou acompanhamento pediátrico.