Ouvindo...

O Comércio do Barreiro tem espaço para os pequenos em meio aos gigantes

Terceiro episódio da série especial mostra como o comércio do Barreiro resiste à pressão das grandes redes e do avanço das compras online, apostando na força do bom atendimento e da tradição.

Em tempos de tecnologia e expansão dos grandes conglomerados empresariais, o comércio local sofre impactos significativos em todo o mundo e em Belo Horizonte, não é diferente

Em tempos de tecnologia e expansão dos grandes conglomerados empresariais, o comércio local sofre impactos significativos em todo o mundo e em Belo Horizonte, não é diferente.

No terceiro episódio da série especial “Barreiro do comércio, da indústria e do agro: 170 anos do maior e mais antigo bairro da cidade de Belo Horizonte”, o destaque é para o comércio da região, que rompe barreiras ao enfrentar a concorrência das compras online e à presença crescente de grandes redes varejistas que se instalaram no Barreiro nos últimos anos.

A reportagem mostra o cotidiano do comércio no centro do Barreiro, que resiste mesmo diante de um cenário cada vez mais digital. Rodrigo Almeida, da segunda geração à frente de uma loja de calçados na Avenida Visconde de Ibituruna, explica como o mercado mudou: “Hoje você não tem apenas um concorrente físico. Existem também os marketplaces, muitos deles associados a redes de eletrodomésticos, que agora vendem de tudo. Precisamos estar atentos e acompanhar essas mudanças”, ressalta.

Enquanto Rodrigo equilibra sua atuação entre o físico e o digital, outros comerciantes mantêm viva a tradição. Jorge Ismael, relojoeiro, trabalha diariamente com consertos cuidadosos e precisos, em um ofício cada vez mais raro: “Hoje em dia quase ninguém conserta relógios baratos, preferem descartar e comprar outro. Mas estamos aqui desde 1989 e, felizmente, sempre com sucesso. O Barreiro é promissor. Desde que cheguei, me apaixonei pelo bairro. Em todo esse tempo, nunca deixei de trabalhar um dia sequer”, conta.

O pequeno comércio também sobrevive pela dedicação ao cliente. Mário de Oliveira é proprietário de uma drogaria na Avenida Sinfrônio Brochado há 45 anos e acredita que o bom atendimento faz a diferença: “Aqui damos muita atenção aos clientes. Não aceito que alguém chegue aqui e fique esperando para ser atendido”, afirma.

Mobilidade e comércio lado a lado

A mobilidade urbana também desempenha papel fundamental no crescimento do comércio local. A região do Barreiro foi a primeira região a receber uma estação de ônibus em Belo Horizonte.

A inauguração das estações Diamante e Barreiro conectou os 74 bairros da regional entre si e com o restante da cidade, facilitando o fluxo de pessoas e impulsionando o comércio.

Alisson Gudu, museólogo do Ponto Cultural da CDL-BH, explica como essa infraestrutura beneficia os comerciantes: “Às vezes as pessoas veem o shopping apenas como lazer, mas ele é um ponto de conveniência. Quem chega do trabalho pode resolver compras rápidas, comprar um presente de última hora, ver um filme. O horário estendido do shopping ajuda muito. O comércio se movimenta com os ônibus, que transportam não só trabalhadores, mas também consumidores em potencial”, conclui.

Ouça o episódio completo:

Fabiano Frade é jornalista na Itatiaia. Cobre as pautas de cidades e geral, com dedicação especial à Central de Trânsito. Antes da rádio de Minas, passou pela Rádio Band News FM e também pela BTN, onde cobriu o trânsito para várias rádios de BH e Brasília.